O PS foi o único a votar a favor do pacote Mais Habitação, na votação final global no Parlamento. PAN e Livre abstiveram-se. Os restantes partidos votaram contra.

A meio da votação final global um grupo que estava a assistir levantou-se e começou a sair, com algum barulho nos passos, o que levou Santos Silva a esperar essa saída de pessoas ligadas ao alojamento local para que a votação ficasse concluída.

Maria Begonha, deputada socialista, antes da votação disse não perceber as razões que levam a esquerda a votar contra o pacote, mas considerou que “era um dia importante para o PS e para o país”, já que, no seu entender, o Mais Habitação tinha dois desígnios: “proteger pessoas e aumentar as casas disponíveis”, dois desígnios para os quais “não queremos perder mais um dia”.

Para esta deputado, foi apresentado um “programa equilibrado”, saindo do Parlamento, a seu ver, uma versão “melhorada e alterada”.

O PS acabou a votar sozinho a favor da proposta do Governo. Que recebeu a abstenção do Livre e do PAN. Rui Tavares até aplaudiu as medidas para a nova geração de cooperativas de habitação e a existência de um IMI para os prédios devolutos. Ainda assim, Rui Tavares, deputado único do Livre, realçou que “para a crise de habitação as medidas não chegam”, reclamando que o património público esvaziado seja colocado ao dispor das famílias e reclamando o apoio para a aquisição de casa própria pelos jovens. Não há medidas para este último propósito, ainda que já esteja em vigor o apoio para as prestações com créditos à habitação para determinadas famílias.

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Inês de Sousa Real, do PAN, que também se absteve, também critica o Governo, referindo a necessidade de ir mais longe para apoiar a habitação.

Nas declarações partidárias, direita alinhou na crítica de que o Mais Habitação ataca a iniciativa privada. E o PSD já fez saber que revogará “logo que sejamos Governo”, assumiu Márcia Passos, pedindo ao país “continue a acreditar no PSD”. E ainda deixou o pedido (antes das votações) para o Parlamento “evitar as atrocidades do Mais Habitação”. E até disse acreditar que “se o voto fosse secreto não era aprovado”.

Ao lado de quem ataca o pacote falando de ataque à iniciativa privada, Carlos Guimarães Pinto, da IL, acabou a citar Ágata para defender o alojamento local, e atacar a medida que proíbe a transmissão de alojamento local em quase todos os casos (exceto na sucessão), nomeadamente quando há um divórcio. “Podes ficar com a as jóias, o carro e a casa (…) E até as contas no banco e a casa de campo… mas não ficas com o alojamento local”. E ataca a contribuição extraordinária do alojamento local, deixando as cadeias hoteleiras de fora. Dizendo nada ter contra estas cadeias, volta a recordar que um ex-secretário de Estado de um Executivo do PS está na associação que defende a hotelaria. “Podem chamar de coincidência, lobby ou algo muito pior, mas será cúmplice e, desta vez, não podem dizer que não sabiam”, atirou.

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Filipe Melo também foi pelo caminho do que diz ser a sonegação pelo Estado do direito à propriedade. O alojamento local foi também um dos seus tópicos, já que, no entender do Chega, “este governo quer matar e não tenho receio da palavra matar o alojamento local”. Nas galerias várias dezenas de pessoas associadas ao alojamento local ouviam as declarações e esperaram pelo meio das votações para se irem embora.

A esquerda que votou contra o pacote atacou precisamente por ter menos Estado do que pretende. Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, fez duas perguntas para dar a sua resposta. “O Mais habitação vai resolver a mais grave crise de habitação em Portugal? O Mais habitação sai melhor do que entrou depois de sucessivos recuos do PS?” A ambas a sua resposta foi um “não”, acusando o PS de recuos “graves e perversos”. E o facto de ter anunciado em fevereiro, mas só entrar em vigor “na melhor das hipóteses em julho”, levou a uma corrida aos despejos, aos vistos gold e ao aumento de rendas. “Uma corrida irresponsável da parte do Governo. E que tem efeito perverso”. Mariana Mortágua ainda tentou aprovar o efeito do pacote a partir do anúncio, mas as propostas foram chumbadas.

Bruno Dias também atacou os despejos e garantiu que as suas propostas visavam defender os inquilinos.

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