“Diferenças para outros treinadores? A exigência, a agressividade no modelo de jogo… Temos de estar sempre a pressionar. Tenho de estar sempre a procurar desmarcações, em movimento contínuo e, quando não tenho a bola, tenho de pressionar até à morte. Sei que tenho de recuperar a posse, seja de que forma for. A pressão tem de ser sempre forte e isso vê-se no estilo de jogo do FC Porto, é uma equipa que marca muitas vezes na sequência de pressão adiantada. É isso que o mister quer. Tenho de adaptar-me a um novo modelo. No FC Porto jogamos com dois avançados e eu estava habituado a jogar sozinho na frente. Procuro absorver os detalhes. É diferente daquilo a que estava habituado”, frisava Fran Navarro ao O Jogo.
Para já única contratação para 2023/24 (Nico González já está na Foz à espera de luz verde do Barcelona para assinar com os dragões, Alan Varela do Boca Juniors ainda se mantém na Argentina mas não foge dos azuis e brancos), o antigo avançado do Gil Vicente resumia numa resposta aquela que foi a maior diferença que encontrou entre Barcelos e o Dragão, numa ideia que entroncava depois numa outra conclusão: com um total de cinco avançados para duas posições, dar o máximo ainda pode ser pouco. E a pré-época do FC Porto, bem mais discreta do que a dos principais rivais, chegou a duas semanas da Supertaça frente ao Benfica tendo todos os dianteiros a marcarem, a jogarem e a cumprirem ao limite com o que é exigido. Agora, ainda no estágio no Algarve, seguia-se um teste mais complicado com o Wolverhampton de Julen Lopetegui.
Olhando para aquilo que foi o encontro anterior de preparação com o Cardiff, a equipa de Sérgio Conceição distinguia-se por isso mesmo – a capacidade de recuperar bola de forma rápida e em zonas adiantadas. Ou seja, saiu Uribe, entrou Fran Navarro, continuam por chegar os dois médios, deve ser contratado pelo menos mais um lateral, pode ainda existir uma venda (que obrigará de seguida a nova ida ao mercado) mas aquilo que sobretudo mudou foi o prolongamento do momento em que o FC Porto terminou a última época com a conquista da Taça de Portugal, com uma equipa mais próxima da melhor versão que o técnico conseguiu promover e com boas (e inesperadas) surpresas como o internacional Sub-21 Romário Baró.
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O médio que esteve nas últimas duas temporadas cedido ao Estoril e ao Casa Pia tinha sido aposta inicial no encontro diante dos galeses e voltou a ser de novo titular diante da formação mais portuguesa da Premier League (José Sá, Nelson Semedo, Matheus Nunes e Pedro Neto foram titulares, Toti Gomes e Fábio Silva começaram no banco), com Sérgio Conceição a trocar apenas Grujic e André Franco por Eustáquio e Otávio. No entanto, e depois de cinco vitórias nos testes iniciais (Académica, 4-0; FC Porto B, 3-0; Portimonense, 2-0; Imortal, 4-0; e Cardiff, 4-0), chegou o primeiro golo sofrido, o primeiro jogo em branco e a primeira derrota. No Estádio da Bela Vista, em Lagoa, imperou José Sá mais atrás e Matheus Nunes na capacidade de chegar à frente, sendo poucos os apontamentos positivos para Sérgio Conceição num jogo onde foi notória a insatisfação do técnico com algumas movimentações sobretudo na primeira parte.
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O encontro começou (literalmente) entre escorregadelas, com vários jogadores a caírem num filme que assim permitiu o primeiro lance de perigo: Toni Martínez ganhou espaço pela direita para o cruzamento rasteiro, Taremi falhou a bola por cair, um defesa dos ingleses também não fez melhor e foi Eustáquio a conseguir rematar em arco perto do poste da baliza de José Sá (3′). O FC Porto tentava pressionar alto sem bola e, em posse, variar de forma rápida os corredores de jogo para desposicionar a organização defensiva contrária, com Galeno a ser o principal agitador na frente e Romário Baró a tentar mostrar serviço entre uma perda que por pouco não foi comprometedora (17′). Não foi essa, foi a seguinte: o Wolves conseguiu ganhar a bola num passe curto entre Pepê e Eustáquio, Sarabia abriu na direita em Matheus Nunes e o cruzamento tenso do português ao segundo poste encontrou Pedro Neto a antecipar-se a Pepê para fazer o 1-0 (19′).
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Os dragões sofriam o primeiro golo da pré-época e, com isso, estavam pela primeira vez em desvantagem. Sérgio Conceição não gostou. Não gostou pela falta de agressividade no lance, não gostou por consentir o 1-0 num lance com muito demérito próprio, não gostou pela forma como a equipa falhava na intenção de chegar ao último terço para “ferir” o adversário. Por isso, e até ao intervalo, a equipa foi tentando esboçar a reação perante um Wolverhampton que ia recuando cada vez mais linhas como se de um jogo pelos três pontos se tratasse, com Otávio a ganhar pela direita após passe longo de Diogo Costa mas a ver o cruzamento cortado pela defesa contrária (28′) e Galeno a tentar uma diagonal da esquerda para o meio com um remate que saiu ao lado (32′). Nada de substancial mudou e os ingleses chegavam mesmo ao descanso na frente.
⏱ Intervalo! Half-time! Descanso!
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Mesmo com uma única alteração na baliza, com a entrada de Cláudio Ramos para o lugar de Diogo Costa, o FC Porto foi outro – e o tempo maior no balneário pode também explicar isso mesmo. Foram necessários só dez minutos para José Sá fazer duas vezes aquilo que ainda não tinha realizado até aí, primeiro com uma grande intervenção a remate de Taremi isolado por um grande passe nas costas de Galeno (50′) e depois num desvio de Galeno após cruzamento de Zaidu na esquerda (54′). Era por ali que os azuis e brancos conseguiam criar mesmo sem marcar, com mais movimentos interessantes na frente que falhavam sempre em algum pormenor. Sérgio Conceição lançava Grujic, Danny Loader e Fran Navarro em campo (60′).
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O FC Porto conseguia condicionar por completo a capacidade de saída do Wolves, que pouco ou nada passou do meio-campo em ações controladas, mas continuava a pecar no último passe, fosse em combinações mais curtas pelo meio, fosse nos cruzamentos pelas laterais. Gonçalo Borges, João Mendes e Gabriel Veron foram as apostas seguintes, com o brasileiro a estar um par de minutos em campo até sair com queixas físicas, mas a vantagem dos ingleses iria mesmo manter-se até ao final, naquela que foi a primeira derrota dos portistas na pré-temporada sobretudo com uma primeira parte abaixo do que tinha feito até aqui.
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