O penúltimo jogo de preparação do Benfica antes da Supertaça que, como se ficou a saber esta terça-feira, vai ser jogada a 9 de agosto, às 20h45, em Aveiro, esperava-se que trouxesse a versão mais madura dos encarnados. Não foi o que se viu no Estádio do Restelo, contra o Burnley. Pelo contrário, foi a exibição menos conseguida da equipa de Roger Schmidt na pré-temporada.

O Benfica utilizou uma dupla inédita até agora no meio-campo. Aursnes ocupou a posição de médio mais recuado ao lado de Kokçu. Na frente, estiveram os jogadores que, a par de Odysseas, António Silva e Alexander Bah, mais têm vincado um lugar no onze para a Supertaça: Di María, à direita, Rafa, nas costas do avançado, e Gonçalo Ramos, como homem mais adiantado. Do lado esquerdo do ataque, Roger Schmidt ainda revela dúvidas.

Ficou claro que o jogo com o Burnley foi o teste mais exigente para o Benfica nesta pré-temporada. Os clarets têm uma equipa com jogadores fisicamente imponentes. Apesar disso, e por serem treinados por Vincent Kompany, que muito ADN Manchester City deve ter a correr nas veias, apresentaram um estilo que pouco tinha a ver com as características dos seus intérpretes. A audácia mostrada em organização ofensiva deixou expostas algumas lacunas dos encarnados, em especial no acerto das marcações quando a equipa pressionava alto. Por incapacidade dos dois médios mais recuados unirem a linha defensiva e a linha média, muitas vezes, deu para estacionar um avião no espaço entre setores que Scott Twine, um dos elementos mais baixos, foi aproveitando.

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Natural era que o Burnley, com tanto espaço, criasse oportunidades, até porque também nos flancos a equipa da Premier League teve liberdade. Jurásek juntou a uma exibição muito pouco eficaz com bola níveis baixos de agressividade nos duelos de um contra um com Andros Townsend. Foi assim que o extremo da equipa inglesa rematou ligeiramente ao lado numa tentativa em que lançou o arco quando o que devia ter ido era a flecha.

Apesar de tudo, o Benfica atingiu um nível de qualidade individual no plantel tão grande que, mesmo quando alguns aspetos do jogo não correspondem ao esperado, há esperança que possa aparecer uma solução. Numa subida de Bah, o lateral cruzou picado para o cabeceamento de João Mário ser salvo pelo guarda-redes do Burnley, Muric. As sobras ficaram para Gonçalo Ramos que voltou a permitir a defesa ao bósnio.

Perdeu o estatuto de próxima grande promessa, mas o que fez até este momento na equipa principal do Benfica e na temporada passada no Gil Vicente levou Tomás Araújo a renovar com os encarnados até 2028. O defesa-central participou em todos os jogos particulares que a equipa da Luz realizou. “Tem sido uma pré-época muito difícil, mas é o normal, é o Benfica, temos de estar bem preparados para o resto da época. Temos de dar sempre o máximo nos treinos”, disse o jogador aos meios do clube. Tomás Araújo mantém-se como opção para um setor que viu Lucas Veríssimo sair por empréstimo ao Corinthians.

Quando, ao intervalo, Roger Schmidt trocou todos os 11 jogadores que tinha em campo, Tomás Araújo voltou a somar mais uma participação na equipa encarnada. A novidade estava ao lado do internacional Sub-21 português. João Victor, até aqui testado no flanco, atuou no eixo. Contranatura foi o posicionamento de João Neves testado no posto lateral-direito.

De qualquer modo, na segunda parte, o Benfica utilizou dois avançados na frente, Casper Tengstedt e Petar Musa. Cada um dos homens da frente criou oportunidades perigosas de golo. Parecia um Benfica mais incisivo, mas rapidamente isso foi contido pelo golo do Burnley. O ataque inglês foi do lado esquerdo ao direito, sem a devida oposição, até ir parar a Owen Dodgson (56′).

Nesta fase, o Burnley mostrava que não é apenas o clube que, ao longo do mercado de transferências, se tem destacado pela maneira original como apresenta os seus reforços. O clube inglês, promovido esta temporada ao principal escalão do futebol inglês, já recorreu aos Teletubbies para apresentar Zeki Amdouni, a Backstreet Boys e a Brooklyn Nine-Nine para dar a conhecer Nathan Redmond e a The Italian Job para assinalar a chegada de Luca Koleosho.

Ao nível da criatividade, ninguém lhes fica atrás, então o Burnley conseguiu ainda desencantar uma maneira de chegar ao 2-0. Andros Townsend rematou de fora da área e o guarda-redes do Benfica na segunda parte, Samuel Soares, largou a bola para frente. Hjalmar Ekdal (83′) apareceu por lá para encostar para o último jogo do jogo.