Enquanto assessorava a Direção-Geral de Recursos e Defesa Nacional, Marco Capitão Ferreira, constituído arguido no âmbito do processo Tempestade Perfeita, colaborou também com o gabinete de João Gomes Cravinho, numa alegada comissão fantasma, que o ex-ministro da Defesa terá escondido até agora. Segundo a revista Visão, o caso aconteceu entre fevereiro e março de 2019 e a comissão, de acordo com os documentos trocados internamente, era chamada de “comissioni fantasmi”.

Desta “comissioni fantasmi” faziam também parte, além de Capitão Ferreira, Irene Paredes, assessora da Direção-Geral da Defesa, Catarina Nunes, adjunta de Gomes Cravinho, e José Miguel Fernandes, antigo presidente da Entidade de Contas e Financiamentos Políticos. Este último ficou, aliás, conhecido como assessor fantasma por ter sido acusado de não ter participado no estudo que inclui o seu nome.

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Esta equipa produziu então o estudo “Economia da Defesa Nacional, Vetores de atuação e papel do Estado”, enviado para o chefe de gabinete de Gomes Cravinho a 29 de março por Marco Capitão Ferreira. Este estudo, definido como “reservado”, referia ter sido produzido “por uma comissão ah-doc, não remunerada”.

Durante os dois meses em que Marco Capitão Ferreira esteve a elaborar este estudo, trabalhava também como assessor da Direção-Geral da Defesa, na qual negociava o contrato da gestão e manutenção dos helicópteros EH-101. No mês seguinte, em abril, foi então aprovado um pagamento a Capitão Ferreira, que o gabinete de Gomes Cravinho, atual ministro dos Negócios Estrangeiros, referiu tratar-se exclusivamente da negociação da manutenção dos helicópteros. “Coisa diferente é o estudo intitulado ‘Economia da Defesa Nacional – Vetores de atuação e papel do Estado’, elaborado por uma equipa composta por pessoas com olhares e experiências distintas da área da defesa nacional, cujo trabalho não foi remunerado, tal como está expresso no próprio documento”, respondeu o gabinete de Gomes Cravinho à Visão.

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João Gomes Cravinho esteve numa audição na Comissão de Defesa e o assunto não foi abordado, tendo o seu gabinete referido que se tratavam outros assuntos naquela audição.