Primeiro golo num Campeonato do Mundo, check. Primeira vitória num Campeonato do Mundo, check. Se as contas eram fáceis de fazer na altura do sorteio da fase final do Mundial, Portugal não precisou de agarrar na sempre amiga calculadora para cumprir a missão frente ao Vietname. Mas, em paralelo, alcançou mais: por um lado, e contando também com as duas fases finais do Europeu, este foi o maior triunfo da Seleção numa grande competição; por outro, foi também o primeiro jogo sem consentir qualquer golo (neste caso, nem uma oportunidade numa noite descansada para Patrícia Morais). Hamilton pode ficar a 11 horas de distância mas mantém-se como a cidade onde a formação feminina consegue alcançar todos os sonhos. E segue-se agora o mais impossível de todos os objetivos sempre teoricamente possíveis: lutar pelos oitavos.

O sorriso de Kika deu luz a uma história que ainda está a começar (a crónica do Portugal-Vietname)

“Para o volume ofensivo e para o número de oportunidades devíamos ter feito mais golos. Ainda assim, foi a primeira vitória e o primeiro jogo em fases finais que não sofremos golos. Tivemos muito volume ofensivo, algumas coisas boas, outras que ainda temos de trabalhar. Acima de tudo, fomos competentes, sérias e a trabalhar como queríamos: na última jornada dependemos de nós”, começou por destacar Francisco Neto, selecionador nacional, na zona de entrevistas rápidas da RTP depois do final do jogo com as asiáticas.

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“Já jogaram nesta altura 22 jogadoras das 23 jogadoras que vieram para o Mundial. Disse, na antevisão, que confiava em todas, têm todas o seu papel. Sabem o que penso e os momentos em que podem ajudar e hoje foi demonstração disso. Jogo com EUA? Agora é preciso recuperar, tem de haver fôlego para esse encontro. Na derrota faz-se o luto, na vitoria festeja-se, mas só até ao treino porque a partir daí começa a pensar-se no jogo e tem de ser a nossa identidade. Temos de preparar os EUA, é esse o foco”, acrescentou o treinador.

“É um dever cumprido. Tínhamos mesmo de ganhar hoje para podermos ir para o último jogo a depender apenas de nós. Foi um encontro bem conseguido e estamos contentes. EUA? Iremos pensar nisso depois, agora é desfrutar desta vitória, é um momento único. Depois vamos pensar no que vem aí. Vai ser difícil, mas é desfrutar. Vitória? É um sentimento muito bom, sabíamos o que tínhamos de fazer. Agora não há muito espaço para grandes festejos, hoje e amanhã vamos descansar, refletir um bocadinho e depois pensar no que aí vem”, apontou Carolina Mendes, avançada que entrou no decorrer da segunda parte e que tinha marcado um dos golos de Portugal na outro triunfo em fases finais, no Euro-2017, com a Escócia.

Segue-se a maior de todas as montanhas por escalar que nem os resultados do grupo tornaram menos difícil de escalar. Com o empate a um entre EUA e Países Baixos, Portugal ficou ainda mais “obrigado” a ganhar na última jornada da fase de grupos para atingir os oitavos, sendo que pela frente terá não só a bicampeã mundial em título mas também um adversário a quem nunca ganhou em 11 jogos (um empate, dez derrotas) e a quem nunca sequer conseguiu marcar um golo. E até Marcelo Rebelo de Sousa tem noção dessas mesmas dificuldades. “O Presidente da República felicita, calorosamente, a vitória da equipa feminina de futebol sobre a equipa do Vietname louvando, de novo, a determinação e a qualidade técnica, que permitem esperar mesmo o impossível no próximo encontro, a realizar a 1 de agosto [EUA]. As jovens portuguesas mostram toda a vontade de atingir esse impossível”, salientou numa nota no site da Presidência.