Di María não é o conformista do “quem tudo quer, tudo tem”, mas sim o obreiro do “quem tudo quer, tudo faz por ter”. Afinal, era isto que o Benfica procurava quando o contratou. Os encarnados não queriam alguém que apenas fizesse a diferença. Ao irem a outro planeta buscar o argentino, o clube da Luz só podia querer alguém diferente. No fundo, o que fez contra FC Porto, na Supertaça, era o que toda a gente esperava. Di María é bom a corresponder às expectativas em tempos em que se banaliza quem o faz.
Curiosamente, El Fideo tinha três títulos conquistados nas três temporadas em que esteve em Portugal. No jogo que marcou o regresso oficial, fez o mesmo que na final da Copa América, na final do Mundial, na Finalíssima e nos Jogos Olímpicos, sempre pela Argentina. Marcar em jogos que valem títulos é-lhe intrínseco e, por isso, somou mais uma taça ao currículo numa partida que saiu tal como perspetivava.
“Imaginava isto, a alegria de ganhar um título que me faltava com o Benfica. Tinha os outros dois [Campeonato e Taça da Liga]. Hoje, consegui-o, no meu primeiro jogo”, disse à RTP. “O carinho quando chegámos ao estádio, o ambiente lá fora, deu-nos força para jogarmos este jogo que não é fácil, foi um jogo muito difícil. A primeira parte custou-nos muito. Na segunda, podíamos fazer a diferença, porque temos jogadores com muitíssima qualidade. Conseguimos o resultado que queríamos”.
Roger Schmidt apresentou uma equipa montada de uma maneira diferente do habitual. Apesar de escolher o 4x2x3x1 de sempre, o técnico alemão optou por não usar uma clara referência ofensiva no onze inicial. Essa situação levantou algumas questões face ao posicionamento dos homens do ataque. No entanto, em relação a quem ia jogar sobre a direita não havia dúvidas. Foi a partir de lá que Di María escapou aos defesas portistas e desferiu um mágico pontapé colocado que fez um arco perfeito mesmo que pouco tenha levantado da relva. “Na segunda parte, tivemos mais espaço”, explicou Di María . “Tento muitas vezes este remate”, ressalvou, considerando que “serviu para abrir um jogo que estava difícil”.
Ao mesmo tempo que dava cartas, o argentino deixava sem trunfos quem achava que não aguentava 90 minutos com 35 anos. Resistiu bem mais do que isso. Só para lá dos 90+10′ é que deixou o relvado para ser rendido por Andreas Schjelderup.
No dia da apresentação, Di María prometeu meter o Benfica a lutar pelo 39.º campeonato para o clube da Luz. Para já, ofereceu ao museu a nona Supertaça. Nesse mesmo dia, afirmou também que estava de volta a casa. Onde quer que viva vai sempre precisar que uma grande arrecadação para guardar tanto talento. “Nunca tive nenhuma dúvida em regressar ao Benfica. Sempre foi algo que tive na minha cabeça desde o dia em que fui embora. Estava à espera do momento indicado, este era o momento”.