Tinha tudo para ser a melhor “apresentação” possível. Estádio cheio à exceção da zona que está a ser alvo de obras em Anfield, uma entrada com o You’ll Never Walk Alone mais arrepiante do que já é por natureza, a mesma equipa que começou o encontro em Stamford Bridge frente ao Chelsea com tração à frente onde só os centrais parecem não estar projetados para o ataque. Seria complicado o Liverpool encontrar um melhor contexto para somar a primeira vitória na Premier League após uma entrada com empate frente aos blues e começar uma campanha que permita corrigir a deceção que foi a última temporada. No entanto, bastaram apenas dez minutos para perceber que há coisas que não se apagam por vontade ou decreto.

Tango de Enzo, cumbia de Díaz e dança dos empatas: Chelsea e Liverpool dividem pontos no início de uma nova era

Só nos dez minutos iniciais, a defesa do Liverpool fez todo o rol de erros que não deveria ter sequer num jogo inteiro. Tudo começou num lance até caricato, com Alexander-Arnold a isolar Joshua Anthony com um corte que saiu ao contrário do movimento que Konaté e Alisson faziam e que só não deu golo porque o lance foi anulado por fora de jogo (1′). Continuou com mais um lance do lateral, a receber ao meio mas a perder em zona proibida para Antoine Semenyo rematar colocado para o 1-0 (3′). Teve ainda mais um capítulo com Alisson a calcular mal um passe à entrada da área e a ter de fazer falta de carrinho para evitar males maiores (8′). Pelo meio Virgil Van Dijk teve um cabeceamento ao poste na sequência de um canto mas nem era preciso o Bournemouth criar oportunidades perante o desfile de erros dos reds nessa entrada em falso.

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Depois, tudo mudou. Mais: mudou quando os adeptos do Liverpool mostraram que a diferença entre ser um rival e ser um inimigo, quando todo o estádio se levantou a bater palmas ao minuto 26 em homenagem a Michael Jones, um trabalhador da construção civil que perdeu a vida no início da semana na construção do novo estádio do Everton (clube do qual era adepto) aos 26 anos. Apenas outro exemplo de como muitas vezes não é necessário haver dinheiro ao barulho para se construir a melhor Liga do mundo…

Ainda os espectadores cumpriam o minuto de aplausos e já Luis Díaz voltava a marcar como fizera com o Chelsea, empatando o encontro com um remate em moinho na área após assistência de Jota (27′). E a reviravolta chegaria ainda antes do intervalo, com Mo Salah, na recarga a uma grande penalidade por falta sobre Szoboszlai, a fazer o 2-1 e a passar Steven Gerrard como quinto melhor marcador de sempre da Premier League (36′). Tudo parecia encaminhado para o triunfo até pela boa reentrada em campo do Liverpool mas a expulsão de Alexis Mac Allister com vermelho direto (58′) colocou essa “inevitabilidade” em perigo antes de Diogo Jota fazer a recarga de forma oportuna a um remate de Szoboszlai defendido para o lado por Neto e marcar o 3-1 que sentenciou de vez a vitória na estreia de Wataru Endo na equipa.

Nos outros encontros da tarde na Premier League, os jogadores e treinadores portugueses não tiveram a mesma sorte. O Wolverhampton, que vendeu cara a derrota frente ao Manchester United na primeira ronda (1-0), foi goleado em casa pelo Brighton de Roberto de Zerbi por 4-1 com José Sá, Nelson Semedo, Pedro Neto, Matheus Nunes – que foi expulso no quinto minuto de descontos por acumulação de amarelos – e Fábio Silva como titulares (Toti Gomes foi lançado a partir do banco), ao passo que o Fulham de Marco Silva, que ainda tem João Palhinha de fora por lesão, perdeu na receção ao Brentford em Craven Cottage por 3-0 após o triunfo no Goodison Park com o Everton da jornada inaugural da prova (1-0).