Chegar ao ouro na prova de 1.500 metros nos Mundiais de Atletismo era uma questão de tempo. Literalmente, uma questão de tempo, tal como em todas as provas de corrida. Para Faith Kipyegon, 3.54,87 até não se trata de uma marca brilhante ou não tivesse a queniana habituada a alcançar registos inigualáveis. No espaço de 49 dias, a corredora conseguiu colocar o nome em três recordes do mundo.

Em Itália, no mês de junho, conseguiu o melhor tempo de sempre no 1.500 metros (3:49.11). Um mês depois, em França, fez o mesmo nos 5.000 metros (14.05,20). No Mónaco, viria a estabelecer o recorde mundial na milha (4.07,64). A forma de Kipyegon este ano indiciava que vencer o título mundial nos 1.500 metros nos Mundiais de Budapeste pela terceira vez não fosse um problema. “Esta tem sido uma grande temporada para mim: quebrei recordes e tornei-me campeã mundial aqui, defendendo o meu título”, disse Kipyegon. “Estava a perseguir o título e a história”.

Apesar do feito, o objetivo maior está no Jogos Olímpicos. No próximo ano, Faith Kipyegon pode igualar Usain Bolt, tornando-se na segunda atleta de sempre a vencer o mesmo evento no atletismo por três vezes nos Jogos Olímpicos. Em 2016 e 2020 (2021, devido à pandemia), a queniana de 29 anos conquistou o ouro nos 1.500 metros e tenta agora repetir o feito em Paris.

“Tenho os recordes mundiais, mas quero quebrar barreiras e deixar um legado na distância”, explicou ao site oficial dos Jogos Olímpicos. Após ter sido mãe em 2018, surgiram dúvidas face ao rendimento que Faith Kipyegon podia ter depois do período em que teve de abdicar de competir para se dedicar à gravidez. Acabou por voltar mais forte e promete não ficar por aqui. “Ainda quero empoderar a geração mais jovem, as mulheres atletas, para que saibam que tudo é possível na vida”, disse na mesma entrevista. “É possível fazer uma pausa para maternidade e voltar ainda mais forte. Antes de dar à luz a Alyn, nunca bati um recorde mundial, mas agora estou aqui com a Alyn e com o recorde mundial. Quero ser uma inspiração”.

Desde 2017, mais de 180 atletas quenianos foram sancionados por doping, tendo sido levantada a hipótese do país ser banido das competições de atletismo. “Quando algo assim acontece, não é bom para o país. Mas estamos a tentar organizar tudo. A federação e o governo estão a trabalhar e a fazer o que é preciso para afastar a situação. Posso dizer que estão realmente a tentar”, afirmou citada pelo The Times.

Faith Kipyegon ainda se pode sagrar campeã mundial no 5.000 metros em Budapeste, distância a que se pretende dedicar após os Jogos Olímpicos, dando um passo em frente rumo à maratona. “As minhas corridas favoritas são as longas. Corridas calmas, em que vamos junto de um grupo, gosto muito”, disse a queniana ao mesmo jornal britânico.

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