O líder do exército sudanês, Abdel Fattah al-Burhan, rejeitou esta segunda-feira a proposta das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) para pôr fim ao conflito, na sua primeira saída da capital desde o início dos combates.

O general, que preside também ao Conselho Soberano de Transição do Sudão, visitou tropas na base naval de Porto Sudão, onde fez um discurso prometendo “combater a insurgência, impedir atos de traição e confrontar os mercenários que vêm de diferentes partes do mundo com o objetivo de sair mais fortes“.

Conflito no Sudão já obrigou mais de dois milhões de crianças a fugir

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Al-Burhan descartou assim um acordo com as RSF, afirmando que isso seria uma “ilusão” e um “engano delirante”, uma vez que os militares sudaneses não estão dispostos a concordar “com traidores” ou com “qualquer outro ator” que tenha “traído o povo sudanês”. “As forças do exército lutarão pelo povo sudanês até que a rebelião seja interrompida”, disse, segundo o jornal Sudan Akhbar.

Num comunicado divulgado domingo à noite, o líder das RSF, general Mohamed Hamdam Dagalo, conhecido por “Hemedti”, revelou uma nova iniciativa que poderia reiniciar as negociações de paz entre as duas forças. O plano de 10 pontos, intitulado “Sudão Renascido”, inclui um cessar-fogo duradouro, eleições democráticas e um exército unificado.

Pelo menos 498 crianças morreram de fome no Sudão desde abril

Na cidade costeira oriental de Porto Sudão, Burhan revelou ainda que uma operação militar que incluiu forças navais e aéreas lhe permitiu sair do quartel-general do exército, na capital, Cartum, em segurança. Duas pessoas morreram na operação, segundo disse.

O Sudão mergulhou no caos desde que, após meses de tensões entre o exército e as Forças de Apoio Rápido, começaram os combates entre as duas forças, em 15 de abril. Houve pelo menos nove cessar-fogos anunciados desde o início do conflito e todos foram violados, com os dois lados a acusarem-se mutuamente.

Estima-se que a violência no país tenha matado pelo menos 4.000 pessoas, segundo dados do Escritório de Direitos Humanos das Nações Unidas, e obrigado mais de 4,5 milhões de pessoas a deslocarem-se para dentro e para fora do país.

Mais de 3.900 pessoas morreram desde o início da guerra no Sudão