Quando o “não vou demitir-me” ecoou repetidamente no auditório da Real Federação Espanhola de Futebol [RFEF], contrariando as notícias das horas anteriores que davam como garantida a saída de Luis Rubiales, o tsunami chegou de forma definitiva. Jenni Hermoso negou o consentimento do beijo, mais de 80 jogadoras renunciaram à seleção, o universo do futebol virou-se contra o dirigente e o cerco fechou.

A FIFA acabou por decidir suspender Luis Rubiales por 90 dias, aguardando agora as conclusões do processo disciplinar que está em curso, e a RFEF sofreu uma avalanche de demissões entre parte da equipa técnica da seleção feminina e os presidentes das associações masculina e feminina de jogadores de futsal.

Presidente interino da federação espanhola marca reunião urgente para analisar caso Rubiales

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Entretanto, e face ao vazio de poder provocado pela suspensão imposta ao ainda presidente, a RFEF nomeou o vice-presidente adjunto Pedro Rocha Junco como interino. Uma das primeiras ações do novo líder do organismo foi convocar uma reunião “extraordinária e urgente” com o Comité de Presidentes das Federações Autónomas e Territoriais: o encontro está agendado para esta segunda-feira e tem como objetivo avaliar “as decisões ou ações a tomar” face a Luis Rubiales.

Natural de Cáceres, Pedro Rocha Junco tem 69 anos e é empresário, sendo um dos braços direitos de Luis Rubiales na RFEF e um dos elementos que está na direção do organismo desde a primeira eleição do presidente, em 2018. Foi jogador de futsal e presidente do Comité de Futsal da Federação da Extremadura entre 2008 e 2011, mantendo atualmente o cargo de presidente da Confederação Nacional de Futsal.

O episódio que envolve Luis Rubiales adquiriu outros contornos já esta segunda-feira, dia em que foi revelado que a mãe do dirigente está em plena greve de fome até que se encontre uma solução para a “caça desumana e sangrenta” que está a ser realizada ao próprio filho. Segundo a agência EFE, que falou com Ángeles Béjar, a mãe de Rubiales encerrou-se com uma irmã na Igreja da Divina Pastora de Motril, de onde a família é natural, e garante que por lá vai ficar “de forma indefinida, dia e noite”.

Em declarações à EFE, Ángeles Béjar pediu a Jenni Hermoso que “diga a verdade” e “mantenha a versão que apresentou no início da história”, defendendo que “não existe abuso sexual se existir consentimento de ambas as partes, como ficou demonstrado pelas imagens”. A mãe de Luis Rubiales questiona o porquê de todos estarem “irritados” com o presidente da RFEF e afirma que existe “algo por detrás de toda a história”, já que o filho seria “incapaz de fazer mal a alguém”.