Portugal não tem propriamente um grande histórico em Campeonatos da Europa de voleibol. É certo que acabou no quarto lugar na edição inaugural de 1948 com apenas seis equipas em fase de grupos todos contra todos e que terminou na sétima posição três anos depois, não chegando à ronda final de conjuntos que iam lutar pelo título. No entanto, essas competições por convite nunca foram um espelho da realidade nacional numa prova onde a Seleção acabou por tornar-se uma das principais beneficiadas do alargamento a 24 que houve a partir de 2019. Foi também isso que “empurrou” Portugal para a terceira fase final consecutiva.
Portugal com França, Turquia, Grécia, Roménia e Israel no Europeu2023 de voleibol
Ainda assim, as aparências podem enganar. Não tendo hoje o conjunto que se destacou no Mundial de 2002 com um oitavo lugar e na Liga Mundial de 2005 com uma quinta posição (e onde estava João José, central que é agora o selecionador), Portugal teve uma prestação interessante no último Europeu em 2021, com duas vitórias diante de Bélgica e Grécia na fase de grupos que valeram o inédito apuramento para os oitavos antes de um encontro ao mais alto nível frente aos Países Baixos perdido apenas na “negra” por 15-13 com um jogo monstruoso do gigante Nimir Abdel-Aziz, que sozinho fez 38 pontos. Era a este ponto que a Seleção tentava voltar, com a mesma base da última edição (Alexandre Ferreira, Miguel Tavares Rodrigues, Tiago Violas, Filip Cveticanin, Lourenço Martins, Ivo Casas ou Miguel Sinfrónio) e algum sangue novo na equipa.
“Temos a obrigação de passar a primeira fase. Somos favoritos em relação às seleções da Roménia, Grécia e Israel, mas temos que jogar bem e demonstrar que o somos. Pode ser um grupo perigoso se Portugal não conseguir demonstrar todo o seu potencial de jogo mas temos que passar com a melhor classificação possível no grupo. Se for possível fugir ao quarto lugar e terminar, pelo menos, em segundo, para, nos oitavos de final, escapar a alguns dos adversários potencialmente mais difíceis”, frisara João José, entre elogios ao primeiro adversário nesta fase de grupos realizada em Telavive, a Roménia, “uma seleção em ascensão que chegou à Golden League”. “Mas sinto que temos a obrigação de passar esta fase”, reforçara o técnico.
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Nos últimos encontros entre ambos, a contar para a Golden League, Portugal tinha ganho em casa (3-0) e fora à Roménia (3-2), havendo ainda assim esse “sinal de alerta” pelo que se passou no Europeu de 2019, quando a Seleção foi surpreendida por 3-1 na fase de grupos. Agora, a Seleção não deu hipóteses e fechou o encontro inaugural com a vantagem máxima, confirmando as expetativas que trazia para Telavive. E com uma particularidade: em sete presenças, esta foi a primeira vez que Portugal ganhou a primeira partida após os desaires em 1948 (França, 3-1), 1951 (Jugoslávia, 3-0), 2005 (Itália, 3-o), 2011 (Rep. Checa, 3-2), 2019 (Itália, 3-0) e 2021 (Polónia, 3-1). Também esse enguiço foi quebrado num encontro muito positivo.
Portugal teve uma entrada quase perfeita na partida, ganhando uma vantagem inicial fruto de um serviço agressivo que colocava grande pressão na receção dos romenos e um bloco que condicionava também os ataques contrários. De forma natural, a Seleção chegou aos três pontos de vantagem (7-4) e chegou depois a um parcial de 3-0 que colocou o resultado em 13-7 e 16-9, sentenciando o set inicial apesar de alguns erros nos pontos finais em 25-19 após ter estado com uma vantagem máxima de nove pontos (21-12). Notava-se que o conjunto de João José estava a jogar de forma confiante e alegre, o que permitiu novo arranque por cima no segundo parcial com cinco pontos de vantagem logo a abrir (10-5) até ao triunfo por 25-18.
Apesar do avanço e da boa exibição, João José aproveitava as entrevistas rápidas entre parciais para deixar um aviso à equipa. “No final do primeiro set relaxámos um bocado. Conseguimos ganhar na mesma mas não pode acontecer porque pode trazer problemas”, salientava. Portugal não baixou o nível, a Roménia melhorou face ao que fizera até aí e houve um maior equilíbrio no terceiro parcial, que começou sem que nenhuma das equipas conseguisse uma vantagem superior a um/dois pontos. Essa tendência acabaria por manter-se até ao final, altura em que dois erros romenos colocaram a Seleção para frente para a vitória por 25-23.