A ideia começou a ser uma constante no Mundial do Qatar. Meses depois, no final da temporada passada, o International Football Association Board [IFAB] tornou-a oficial. Atualmente, nas principais ligas europeias, é o novo normal: os jogos de futebol têm um período de descontos cada vez maior, com as partidas a chegarem recorrentemente aos 100, 105 e 110 minutos.
Em Portugal, o novo normal tem beneficiado as equipas teoricamente superiores, que têm resolvido vários jogos com golos no período de descontos — aproveitando melhores condições físicas, um plantel mais extenso e mais tempo para continuar a testar a resistência da defesa adversária. Ainda assim, as últimas horas trouxeram uma certeza: na Liga dos Campeões, na Liga Europa e na Liga Conferência, as três competições europeias, o tempo adicional não irá ser superior ao que até aqui era considerado normal.
Já se jogou mais um jogo e meio do que era suposto. Um Mundial cheio de minutos de compensação
Já no Mónaco, onde esta quinta-feira vai decorrer o sorteio da fase de grupos da Liga dos Campeões, o homem-forte da UEFA para o futebol defendeu que os períodos de descontos de 10 ou mais minutos são “absolutamente absurdos” e garantiu que a medida não vai estender-se às competições europeias, sublinhando a necessidade de proteger a integridade física dos jogadores.
“É uma espécie de tragédia, porque estamos a acrescentar 12, 13, 14 minutos, que é quase metade de uma parte. São minutos muito difíceis de jogar. Quando jogas 60 minutos já estás cansado nos últimos 30… Agora vem alguém e acrescenta mais 15. Porquê?”, questionou Zvonimir Boban, antigo jogador croata que é agora o Diretor para o Futebol da UEFA.
Mais à frente, não teve receio de garantir que o organismo que regula o futebol europeu irá passar ao lado das indicações do IFAB. “Nós ouvimos os jogadores e os treinadores. São quase 500 minutos a mais por temporada. São seis jogos, é uma loucura. Não vamos fazê-lo. Vamos seguir as nossas próprias diretrizes”, acrescentou.
Também Roberto Rosetti, o presidente do Comité de Árbitros da UEFA, seguiu a mesma linha de pensamento. “Por que é que as pessoas gostam tanto da Liga dos Campeões? Porque os jogos são intensos, os jogadores nunca param. Dissemos aos nossos árbitros que acelerem os reinícios do jogo nas paragens e que não se concentrem no tempo de descontos”, atirou o italiano.