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A pandemia da solidão e as virtudes da tecnologia

Este artigo tem mais de 1 ano

No fecho das Conferências do Estoril, o equilíbrio entre a tecnologia e a vida em sociedade esteve em foco. No final, houve muitas palmas para os vencedores dos Prémios Excellence e Salvador Sobral.

Anne-Laure Fayard, Ezio Manzoni e Miguel Pinto Luz debateram o futuro das cidades
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Anne-Laure Fayard, Ezio Manzoni e Miguel Pinto Luz debateram o futuro das cidades

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Anne-Laure Fayard, Ezio Manzoni e Miguel Pinto Luz debateram o futuro das cidades

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

“Houve uma pandemia de Covid 19, mas a pandemia de solidão continua a existir”, declarou  o italiano Ezio Mazzini, designer para a sustentabilidade, considerado uma das principais figuras atuais no planeamento das cidades do futuro, num dos principais painéis desta tarde nas Conferências do Estoril. “Durante muitos séculos vivemos numa sociedade em que tínhamos de estar próximos uns dos outros para conseguir comunicar. Mas no último século temos vindo a desenvolver tecnologias para conseguirmos viver distanciados uns dos outros.”

Em diálogo com Mazzini, o vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais, Miguel Pinto Luz, sublinhou que “as cidades hoje funcionam como antigas cidades gregas porque têm cada vez maiores responsabilidades, mas o esforço de reumanização não pode ser feito de cima para baixo, tem de ser partilhada com os cidadãos”. Para isso, o autarca considerou que se tem de diminuir o “fosso entre eleitores e eleitos, criando um novo contrato social e uma nova confiança.”

O papel da inteligência artificial e das tecnologias de ponta, que já fora discutido no primeiro dia nesta 8.ª edição das Conferências, voltou a dominar os debates dos últimos painéis na tarde deste sábado. Em declarações ao Observador, uma das speakers, Klara Jelinkova, professora na Universidade de Harvard, considerou que a pandemia foi um ponto de viragem nas nossas vidas e na nossa relação com a tecnologia: “A Covid foi uma força disruptiva para a nossa sociedade e é por isso que o tema desta Conferência agrega tantas pessoas diferentes. A pandemia foi um momento em que tivemos de parar para pensar no que estávamos a fazer com as nossas vidas. Cresceu um apelo ao detox e há a consciência de que a tecnologia não tem sempre razão”.

Prémios para quem muda vidas

A tarde deste sábado foi ainda marcada pela entrega dos prémios Excellence, que já vão na quinta edição.  Entre os premiados estão alguns doentes e pessoas com deficiências consideradas incapacitantes que encontraram soluções para melhorar a sua vida e integração em sociedade. É o caso de Adriana Mallozzi (EUA), fundadora e CEO da Puffin Innovations, que vive numa cadeira de rodas elétrica: “Percebi desde cedo que a tecnologia seria minha aliada. Com esta tecnologia podemos ajudar entre 250 mil e 500 mil pessoas que, anualmente, são atingidas por lesões na coluna.  Com as nossas tecnologias, que combinam machine learning e inteligência artificial, essas pessoas ganham maior independência e um maior acesso ao mercado de trabalho”. Hoje esta tecnologia já é estudada na comunidade do MIT.

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Klara Jelinkova, professora da Universidade de Harvard

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Houve ainda prémios para Francisco Nogueira e Frederico Stock pela sua investigação na área do cancro da mama e para Akshita Sachdeva e Bonny Dave pelo trabalho na aplicação Kibo, para apoio a pessoas com deficiências visuais.

Seguiu-se a discussão sobre o futuro da saúde, no painel que contou com quatro CEOs de grandes empresas farmacêuticas e tecnológicas: Bruno Calo Fernandez, CFO da Astrazeneca; Hugo Marques, da Siemens Healthineers; JacoboMuñoz, da Janssen; e João Paulo Firmeza, do Altice Labs.  A moderar o debate, Salomé Azevedo, da Value for Health CoLAB, que começou a conversa por dizer que “o futuro da saúde não deve estar apenas nas mãos de homens”. Tal como aconteceu de manhã, voltou a insistir-se numa Medicina cada vez mais personalizada. Para isso, disseram, ainda é “necessária uma maior distribuição dos acessos à saúde, num mundo onde 3,5 mil milhões de pessoas não recebem cuidados básicos” No futuro, dizem, o diagnóstico precoce será essencial para antecipar um ataque cardíaco ou a formação de células cancerígenas.

Para entusiasmo da plateia, no final desta 8.ª edição das Conferências do Estoril Salvador Sobral interpretou alguns temas, entre os quais “Amar pelos Dois”. Em declarações ao Observador, disse:  “Muitas vezes penso que se não tivesse nascido nesta era, se não fosse o avanço na cardiologia nos últimos anos, eu não estaria vivo. É muito simbólico estar a cantar, hoje, aqui”.

Salvador Sobral, vencedor da Eurovisão em 2017, encerrou a 8ª Edição das Conferências do Estoril

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Este artigo faz parte de uma série sobre as Conferências do Estoril, evento de que o Observador é media partner. Resulta de uma parceria com a Nova Medical School, Nova School of Business and Economics e a Câmara Municipal de Cascais. É um conteúdo editorial independente.

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