Dezenas de milhares de pessoas continuam retidas desde sábado no festival Burning Man, que está a decorrer no deserto de Black Rock, no estado norte-americano do Nevada, devido às chuvas torrenciais que provocaram inundações e lamaçais. As autoridades revelaram que há registo de uma morte, que já está a ser investigada, mas detalham que esta não terá sido causada pelas condições meteorológicas extremas, indica o The New York Times.
Com as condições meteorológicas a melhorar esta segunda-feira, é possível que as milhares de pessoas retidas no festival possam deixar o deserto — e que o grande momento do Burning Man, a queima de uma figura de madeira, em forma de homem (ritual que teve de ser adiado já por duas vezes nesta edição), venha a acontecer. Às 14 horas (hora local) a organização vai confirmar se os frequentadores do Burning Man podem abandonar do local, através de possíveis rotas alternativas que entretanto foram criadas, detalha o mesmo jornal.
Desde sábado à tarde que as entradas e saídas do festival estão impedidas, uma vez que as estradas estão cortadas à circulação. A organização já apelou aos festivaleiros que conservem água, comida e combustível. O festival devia terminar a 4 de setembro, segunda-feira.
Segundo a CNN, a área remota no norte do Nevada foi atingida com o valor que se esperaria de dois a três meses de chuva no espaço de 24 horas entre a manhã de sexta-feira e sábado, criando uma camada espessa de lama que os participantes do festival dizem ser difícil de atravessar mesmo a pé. Segundo as previsões metereológicas, é esperada mais chuva ao longo do dia de domingo.
As autoridades ainda não indicaram quando é que será possível reabrir as estradas. Para já, o portão e o aeroporto da Black Rock City continua fechado e só é permitida a circulação de veículos de emergência, segundo informou a própria organização do evento na rede social X (antigo Twitter).
The Gate and airport in and out of Black Rock City remain closed. Ingress and egress are halted until further notice. No driving is permitted except emergency vehicles. If you are in BRC, conserve food, water, and fuel, and shelter in a warm, safe space. More updates to come.
— Burning Man Traffic (@bmantraffic) September 2, 2023
Num comunicado publicado no site oficial, a organização deixou um “guia de sobrevivência” aos participantes do festival. “Precisámos de contar uns com os outros, ser pacientes e criar condições seguras para a nossa partida. Não temos para já uma estimativa de quando as estradas vão estar secas o suficiente para os veículos circularem em segurança”, pode ler-se.
A organização acrescenta que talvez seja possível começar a circular ao final do dia de segunda-feira, se o tempo melhorar até lá. Poderá ser “mais cedo ou mais tarde”, alertam.
Algumas pessoas ainda conseguiram escapar do festival. Foi o caso do DJ Diplo e do humorista Chris Rock. “Andei pela beira da estrada durante horas a tentar apanhar boleia porque tinha um concerto em Washington DC”, revelou o artista num vídeo partilhado no Instagram, revelando que juntamente com o humorista norte-americano conseguiu partir no carro de um grupo de fãs.
À CNN, o xerife do condado de Pershing disse que há mais de 70 mil pessoas retidas no festival. Nathan Carmichael explicou que estão à apelar às pessoas para que permaneçam no local até que o chão fique seco o suficiente para deslocações em segurança, mas revelou que algumas pessoas estão a tentar partir a pé. Garantiu no entanto, que a maior parte dos participantes do festival estão em bom espírito, um relato reforçado por alguns dos presentes no deserto Black Rock.
Andrew Hyde, um dos festivaleiros retidos, reconheceu que, apesar de as chuvas terem criado um lamaçal no qual mal se pode andar, a maior parte das pessoas conseguiu aproveitar a experiência. A única preocupação, explica, é apenas saber se a partir de segunda, com o fim do festival, podem regressar a casa. “As pessoas precisam de voltar para os seus trabalhos, para as responsabilidades que têm em casa e se são atrasados mais dois ou quatro dias, o tempo que seja, isso é preocupante”, afirmou.