Piers Morgan já não era propriamente um nome indiferente no mundo britânico e do futebol mas foi depois da entrevista bombástica a Cristiano Ronaldo ainda antes do Campeonato do Mundo do Qatar que se tornou alguém incontornável. Quando conseguia exclusivos, não ficava pedra sobre pedra. E se com o português essa conversa foi o início do fim da relação do número 7 com o Manchester United, com o último convidado isso significou mesmo um fim de linha naquilo que parecia ser um autêntico beco sem saída: Luis Rubiales.

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“Sim, claro que me vou demitir. Sim, falei com o meu pai e com as minhas filhas e tenho de preservar a minha dignidade”, diz o presidente suspenso (pela FIFA) da Real Federação Espanhola de Futebol num excerto da entrevista que passará na íntegra nos próximos dias mas que já está a provocar várias reações.

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“Adoro tanto as minhas filhas e sei que elas me adoram tanto… Sou alguém muito feliz e muito orgulhoso delas. São muito, muito próximas de mim. Sobre a minha demissão, sim, claro que me vou demitir porque eu não consigo continuar a fazer o meu trabalho. Falei com o meu pai, falei com as minhas filhas, falei com alguns amigos muito próximos de mim e disseram-me que tenho de me focar em preservar a minha dignidade, continuar com a minha vida porque se não o fizesse iria causar dano a pessoas de quem gosto. Quando alguém não está a pensar apenas em si, porque eu tive de suportar muito ao longo destas últimas três semanas… Isto já não é só sobre mim, afeta outras pessoas. É por isso que penso ser nesta fase a decisão mais inteligente a tomar perante tudo”, referiu ainda Luis Rubiales no mesmo excerto revelado.

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De acordo com a imprensa espanhola, este anúncio de demissão da liderança da RFEF e também da vice-presidência da UEFA acabou por apanhar de surpresa os elementos da Federação, que se questionavam o porquê de não ter acontecido há uma ou duas semanas para evitar tudo o que se sucedeu desde a final do Mundial feminino na Austrália. Em paralelo, existem agora duas hipóteses na RFEF: marcar de imediato uma Assembleia, convocar eleições e encontrar a breve prazo um novo líder ou manter a vigência interina até ao início de 2024 e só aí avançar com um sufrágio eleitoral – a solução preferida pelo Conselho Superior dos Desportos de Espanha, apesar de a lei dizer que as Federações devem ter eleições dois meses após os Jogos.

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Aleksander Ceferin, presidente da UEFA que chegou a ser criticado no início do caso por não assumir uma posição de maior força sobre o caso, terá sido a chave para o pedido de demissão de Luis Rubiales, que por inerência era também vice do órgão que tutela o futebol europeu (cargo que vai deixar). Também a FIFA terá pressionado o agora ex-líder da RFEF no sentido de sair pelo próprio pé e evitar outras sanções.

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