Cerca de 80 anos depois de terem sido mortos pelos nazis, por terem escondido judeus em casa, os nove membros da família Ulma foram beatificados este domingo. É a primeira vez que uma família inteira é beatificada.

Com 32 mil pessoas a assistir, cerimónia teve lugar na aldeia de Markowa, no sudeste da Polónia, onde o enviado papal, Cardeal Marcello Semeraro, leu a fórmula latina da beatificação da família Ulma, assinada pelo líder da Igreja Católica.

Por sua vez, no Vaticano, o Papa Francisco falou ao público a partir de uma janela na Praça de São Pedro, onde considerou que os Ulma “representavam um raio de luz na escuridão da Segunda Guerra Mundial” e que deviam ser um modelo para todos no que respeita a “fazer o bem e ao serviço dos necessitados”.

Os Ulma vão ser beatificados quase 80 anos depois de terem sido mortos pelos nazis

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“Em resposta ao ódio e à violência que caracterizavam aqueles tempos, eles abraçaram o amor evangélico”, afirmou, citado no Vatican News.

Segundo o jornal, o Papa convidou todos os presentes na Praça de São Pedro a oferecer uma salva de palmas aos novos beatos e exortou os cristãos a seguir o seu exemplo, “opondo a força das armas à caridade e a retórica violenta à oração tenaz”.

“Rezemos especialmente pelos muitos países que sofrem devido à guerra”, disse. “De modo especial, intensifiquemos as nossas orações pela mártir Ucrânia… que está a sofrer muito”, acrescentou o líder da Igreja Católica.

Na homilia da missa, o Cardeal Semeraro disse que a casa da família Ulma se tornou “uma estalagem onde os desprezados, os proscritos e os atingidos pela morte eram acolhidos e tratados”.

Disse ainda que Josef e Wiktoria Ulma viveram “uma santidade que não era apenas conjugal, mas que estava totalmente incorporada em toda a sua família”.

De acordo com o The Guardian, foi revelada junto do altar uma pintura contemporânea que representa Josef e Wiktoria Ulma, grávida, com os seus filhos, Stanisława, Barbara, Władysław, Franciszek, Antoni e Maria.

Em março de 1944, Josef e Wiktoria Ulma e os seus sete filhos, com idades entre os 18 meses e os sete anos, foram mortos na cidade de Markowa, na Polónia, depois de a polícia alemã ter descoberto que tinham estado a esconder no sótão oito pessoas de duas famílias judaicas. Na época, as leis da ocupação nazi na Polónia mandavam matar aqueles que escondessem judeus.

A beatificação dos Ulma marca “um acontecimento sem precedentes no processo moderno de canonização”, avançou o Vaticano. Na Igreja Católica, a beatificação é o último passo antes da santidade.