Bjørn Gulden, CEO da Adidas, considera Kanye West “uma das pessoas mais criativas do mundo” e acredita que o músico norte-americano “não quis dizer o que disse” quando fez comentários antissemitas no ano passado. Foram declarações como aquelas em que acusava os judeus de tentarem “excluir qualquer pessoa que se oponha” à sua “agenda” que levaram ao fim da colaboração, começada em 2015, entre o artista e a empresa.
Numa entrevista ao podcast In Good Company, na semana passada, Bjørn Gulden caracterizou o término da parceria, através da qual eram produzidos produtos da marca Yeezy, como “muito lamentável” e justificou: “Não acho que ele [Kanye West] seja má pessoa. Simplesmente aparentou ser assim. Isso significou a perda daquele negócio, uma das colaborações de maior sucesso da história [da Adidas].”
Ainda assim, Bjørn Gulden, que só assumiu o cargo de CEO cerca de um mês após a Adidas ter tomado a decisão de terminar a parceria com o rapper, reconheceu que situações com esta “podem acontecer“. “Faz parte do jogo. Pode acontecer com um atleta, pode acontecer com um artista. Faz parte do negócio”, disse, citado pelo The Guardian.
Foi em outubro do ano passado que a Adidas colocou um ponto final na colaboração com Kanye West após este ter, entre outras coisas, elogiado Hitler e os nazis e publicado no Instagram uma captura de ecrã de uma conversa onde acusava o músico Sean Combs, mais conhecido como Diddy, de ser “controlado por judeus”. “Vou usar-te como exemplo para mostrar ao povo judeu que te disse para me ligares que ninguém me pode ameaçar ou influenciar” era uma das frases que se lia no post, que ditou a expulsou do rapper da rede social detida pela Meta.
A Adidas ainda não reagiu às declarações do seu CEO, nem respondeu a um pedido de comentário feito pela CNN. A marca Yeezy ajudou a impulsionar as receitas da empresa, gerando cerca de 7% da sua receita anual global. O fim dessa linha de produtos contribuiu para a queda de 350 milhões de libras nas vendas da Adidas no primeiro trimestre deste ano, quando comparado com o período homólogo.
O The Guardian recorda que, ao anunciar esses resultados no passado mês de maio, Bjørn Gulden antecipou que 2023 seria um “ano turbulento, com números dececionantes”. E reconheceu: “A perda da Yeezy está obviamente a prejudicar-nos”.