Discoteca, piscinas, campo de basquetebol e um minizoo com flamingos eram alguns dos luxos à disposição de cerca de 7 mil reclusos em “Tocorón”, a prisão mais famosa da Venezuela. As instalações, que serviram como base de operações do cartel “Tren de Aragua”, foram recuperadas pelas autoridades do país na quarta-feira, refere o The Telegraph.
Numa operação que pretendia desmantelar um dos gangues mais influentes na América Latina atuaram cerca de 11 mil soldados e polícias, que invadiram o complexo prisional localizado a cerca de 160 quilómetros a sudoeste de Caracas, a capital do país. Entre outros itens, apreenderam várias armas automáticas, pistolas e caixas de munições.
Héctor Guerrero Flores, um dos chefes de droga, conhecido como “Niño Guerrero” (rapaz guerreiro), era a figura que as autoridades mais queriam capturar, mas não tiveram sucesso.
Ao explorarem os recantos dos edifícios da prisão encontraram túneis pelos quais, suspeita-se, podem ter escapado vários chefes de droga, incluindo o “Niño Guerrero”. O The Telegraph avança que o governo do país já prometeu esforços para capturar os prisioneiros que fugiram.
A palavra de Flores, que se assumia como o líder da prisão, era lei. A certa altura, assinou um acordo com as autoridades estipulando que o seu cartel tomaria o controlo de várias prisões do país em troco de “manter a ordem e reduzir os homicídios” no país, além de “acabar com motins nas prisões”, informa a ONG InSight Crime citada pelo jornal britânico.
O futuro das 300 famílias que viviam no complexo ainda é incerto, dado que nem o governo nem as autoridades do país avançaram quaisquer informações sobre onde vão viver agora. “Eu estava a viver aqui, mas expulsaram-nos”, conta ao jornal britânico Gladys Hernández, uma das várias mulheres que vivia nas barracas do espaço prisional com a família.
Christopher Sabatini, especialista em assuntos latino-americanos da Escola de Economia de Londres, esclarece ao The Telegraph que “existe uma enorme cumplicidade entre o Estado [da Venezuela] e os grupos criminosos“, acusando “ministros e funcionários públicos” do país que estão “profundamente envolvidos no tráfico de droga”.