A UNESCO classificou na passada quarta-feira 139 lugares de memória da I Guerra Mundial em França e na Bélgica incluindo o cemitério português de Richebourg, onde estão sepultados 1.831 soldados portugueses que morreram no conflito.
Esta é uma candidatura que a França e Bélgica lançaram em conjunto em 2017 e cuja apreciação tinha sido adiada para 2021. Dois anos depois desta data, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) conferiu o estatuto de Património Mundial da Humanidade a estes lugares, muitos deles cemitérios, que evocam a memória dos soldados mortos na I Guerra Mundial.
A decisão da Organização em classificar o cemitério português, como aponta na rede social X Audrey Azoulay, diretora-geral na UNESCO, surge em celebração de lugares que fazem “ligação entre o passado e o presente”, conseguindo construir uma “consciência universal da humanidade e promover a paz“.
Three sites associated with vivid memories of recent conflicts join the #WorldHeritage List. Three sites that make the link between the past and the present to build the universal consciousness of humanity and promote peace. Congratulations to #Argentina #Belgium #France #Rwanda. pic.twitter.com/Ujwba2VZO7
— Audrey Azoulay (@AAzoulay) September 20, 2023
O cemitério de Richebourg, no departamento de Pas-de-Calais, onde entre 1924 e 1938 foram sepultados 1.831 soldados portugueses, faz parte deste conjunto e nas últimas décadas tem aproximado esta região de Portugal.
“Somos o território da I Guerra Mundial e por isso há amizade, cooperação internacional, valorização da memória e muitos voluntários para fazer viver esta memória. Por exemplo, a cidade Arras é geminada com a Batalha, o presidente da Câmara de Richebourg foi à casa do soldado Milhões em Murça, há uma grande cooperação entre as cidades. E a ideia de desenvolver mais o conhecimento sobre a participação portuguesa na Guerra e o turismo da memória, é algo muito importante”, afirmou Bruno Cavaco, cônsul honorário de Portugal em Lille, em declarações à agência Lusa.
Há vários anos que este cemitério é cuidado pela Associação União Franco-Portuguesa de Richebourg, que lidera anualmente as comemorações da participação dos soldados portugueses neste conflito, apoiada pelas autoridades locais. O cemitério foi recentemente alvo de obras por parte do Ministério da Defesa de Portugal, com o então ministro desta pasta, João Gomes Cravinho, a dizer que o investimento na memória é “um investimento no presente e no futuro”.
Em 2018, este cemitério já tinha recebido obras de requalificação já que fez parte das celebrações do centenário da Batalha de La Lys, a maior derrota militar portuguesa na I Guerra Mundial, rcebendo a visita do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, mas também do Presidente francês, Emmanuel Macron. Quatro anos depois foi inaugurado o Jardim da Paz Português em Richebourg, estendendo a homenagem aos soldados que morreram no conflito.
Jardim de homenagem a soldados portugueses na Primeira Guerra Mundial é inaugurado em França
A classificação deste conjunto de monumentos engloba ainda um cemitério indiano, vários cemitérios ingleses e canadianos e também um cemitério chinês, com 842 campas de chineses que trabalhavam para o Exército britânico e que pereceram durante os combates.
A Comissão do Património Mundial da UNESCO está reunida até 25 de setembro, em Riade, na Arábia Saudita, apreciando as candidaturas de monumentos em todo a mundo.