Depois da União Europeia ter dado o mote, ao anunciar uma investigação para perceber como os subsídios concedidos à aquisição de veículos eléctricos deram origem à “invasão” do mercado da União por veículos chineses, a França não tardou em reagir e aprovou uma lei que visa limitar a competitividade dos automóveis vindos da Ásia. A medida pode parecer estranha e impeditiva de os condutores do Velho Continente terem acesso a modelos eléctricos mais baratos, mas na realidade não se equipara à legislação a que o Estado chinês submete os construtores europeus que ali pretendem vender os seus veículos.
De acordo com a Reuters, o Governo liderado pelo Presidente Emmanuel Macron fez questão de assegurar que os subsídios – e estamos a falar de aproximadamente 1000 milhões de euros – suportados pelos impostos dos franceses não serão encaminhados para os fabricantes chineses.
A estratégia adoptada passa pela revisão dos critérios que garantem a elegibilidade dos modelos que se podem candidatar às ajudas do Estado, recebendo um total de 5000€, tendo ainda em consideração “pormenores” como a origem da energia utilizada na sua fabricação e, certamente, nas baterias que montam. Isto levanta grandes dificuldades às marcas chinesas, uma vez que a electricidade do país é maioritariamente assegurada por centrais a carvão. Mas este novo regulamento afastará igualmente modelos de marcas europeias fabricados na China e exportados a partir daí, como é o caso do novo Mini Cooper eléctrico, do BMW iX3, Polestar, Smart #1, Dacia Spring, entre outros.
As vendas de carros chineses eléctricos e híbridos plug-in na Europa aumentaram 112% nos primeiros sete meses de 2023, face ao ano anterior, e cerca de 361% face ao mesmo período de 2021.
De salientar que, ao contrário do que acontece na Europa, a China impõe aos construtores estrangeiros que ali desejam comercializar os seus veículos em quantidade que instalem uma fábrica no país e cedam 50% dessas instalações a um construtor estatal chinês, que assim fica na posse de toda a sua tecnologia. Tanto quanto conseguimos apurar, apenas a Tesla foi poupada a esta última imposição, tal a necessidade de acolher a fábrica e extrair toda tecnologia do construtor norte-americano. Mais do que estar a afastar os carros chineses das ajudas dos diferentes estados, talvez fosse preferível exigir que os construtores chineses investissem na Europa, criando emprego e pagando impostos nos países da União.