A Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou esta segunda-feira a aprovação de uma segunda vacina contra a malária para crianças, a R21/Matrix-M, desenvolvida pela Universidade de Oxford, no Reino Unido.
Como investigador da malária, costumava sonhar com o dia em que teríamos uma vacina segura e eficaz contra a malária. Agora temos duas”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, citado em comunicado.
A nova vacina é a segunda recomendada pela OMS, após a RTS,S/AS01 em 2021, seguindo os conselhos do Grupo Consultivo Estratégico de Peritos em Imunização (SAGE) e do Grupo Consultivo de Políticas sobre Malária (MPAG).
De acordo com a OMS, ambas as vacinas demonstraram ser seguras e eficazes na prevenção da malária em crianças e, quando aplicadas amplamente, deverão ter um grande impacto na saúde pública.
A procura da vacina RTS,S excede largamente a oferta, pelo que esta segunda vacina é uma ferramenta adicional vital para proteger mais crianças mais rapidamente e para nos aproximar da nossa visão de um futuro livre de malária”, salientou Tedros Adhanom Ghebreyesus.
A R21/Matrix-M foi aprovada pelo SAGE após a sua reunião regular semestral realizada entre 25 e 29 de setembro.
“Esta segunda vacina tem um potencial real para colmatar a enorme lacuna entre a procura e a oferta”, observou a diretora regional da OMS para África, Matshidiso Moeti, acrescentando que as duas vacinas podem ajudar “a salvar centenas de milhares de vidas de jovens” no continente africano.
Em África, segundo a OMS, quase meio milhão de crianças morrem todos os anos devido à malária, que é transmitida por mosquitos.
EUA disponibilizam 16 milhões de euros para programa de combate à malária em Moçambique
A OMS espera ainda que a nova vacina beneficie todas as crianças que vivem em áreas onde a doença é um risco para a saúde pública, explicando que a recomendação da R21/Matrix-M é baseada em provas de um ensaio clínico e de outros estudos.
Em zonas com transmissão da malária altamente sazonal (largamente limitada a quatro ou cinco meses por ano), a vacina R21 demonstrou reduzir os casos sintomáticos em 75% nos 12 meses seguintes a uma série de três doses”, quando administrada imediatamente antes da época, indicou o organismo.
Uma quarta dose administrada um ano após a terceira manteve a eficácia, sendo semelhante à demonstrada quando a RTS,S/AS01 é aplicada sazonalmente.
“As estimativas de modelos matemáticos indicam que o impacto da vacina R21 na saúde pública deverá ser elevado numa vasta gama de locais de transmissão da malária, incluindo locais de baixa transmissão”, salientou, acrescentando que tem um custo de entre dois e quatro dólares por dose.
Os próximos passos para a R21/Matrix-M incluem a conclusão da pré-qualificação em curso da OMS, que permitirá a aquisição internacional da vacina para uma implementação mais ampla.
Pelo menos 28 países em África planeiam introduzir uma vacina contra a malária recomendada pela OMS como parte dos seus programas nacionais de imunização.
Primeira vacina contra a malária vai chegar a 12 países africanos ainda este ano
A Aliança Mundial para Vacinas e Imunização (Gavi) aprovou o fornecimento de apoio técnico e financeiro para a distribuição de vacinas contra a malária em 18 países.
A RTS,S/AS01 será lançada em alguns países africanos no início de 2024, e espera-se que a R21/Matrix-M esteja disponível em meados do mesmo ano.