O primeiro-ministro da Arménia, Nikol Pashinyan, qualificou esta terça-feira de “ilegais” as detenções de dirigentes do Nagorno-Karabakh pelas forças de segurança do Azerbaijão na região.
As autoridades azeris estão a fazer detenções ilegais no Nagorno-Karabakh. Penso que esta situação deve estar no centro das atenções internacionais”, declarou Pashynian durante um encontro com a ministra dos Negócios Estrangeiros francesa, Catherine Colonna, segundo a agência Armenpress.
Pashynian denunciou ainda que está a decorrer uma “limpeza étnica” no território de Karabakh e lamentou que a comunidade internacional não tenha sido capaz de a impedir.
Chamou também a atenção de Colonna para a “crise humanitária” que se instalou no enclave e que terá transbordado para o território arménio, onde mais de 100.000 refugiados chegaram desde 24 de setembro.
Mais de 100 mil pessoas já fugiram de Nagorno-Karabakh, quase toda a população do enclave
A este respeito, o dirigente arménio admitiu que o seu país precisa da ajuda financeira dos seus parceiros para resolver os problemas humanitários “a médio e longo prazo“.
As forças de segurança azeris detiveram esta terça-feira três antigos dirigentes e o chefe do parlamento do Nagorno-Karabakh, a república autoproclamada que anunciou a sua dissolução na semana passada.
O anúncio foi feito depois de o Azerbaijão ter levado a cabo uma ofensiva militar para recuperar o controlo total da região separatista e ter exigido que as tropas arménias em Nagorno-Karabakh depusessem as armas e o governo separatista fosse desmantelado.
De acordo com a agência noticiosa APA, foram detidos os líderes do Karabakh Arkadi Gukassian (1997-2007), Bako Saakian (2007-2020) e Araik Arutiunian (2020-2023).
O último presidente do parlamento de Karabakh, David Ishkhanian, foi também detido e transferido para Baku, tal como aconteceu com os anteriores líderes separatistas detidos.
O paradeiro do atual líder de Karabakh, Samvel Shakhramaniyan, é atualmente desconhecido, embora seja provável que se encontre em Stepanaker, a capital da região.
Desde a capitulação de Karabakh, em 20 de setembro, foram detidos vários antigos altos funcionários da república, que proclamou a sua independência em 1991, pouco antes do colapso da URSS.
Entre eles, contam-se o antigo ministro de Estado (primeiro-ministro) Ruben Vardaran, o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros David Babayan e membros superiores das forças armadas de Karabakh.
Em 1 de outubro, o Ministério Público do Azerbaijão declarou mais de 300 arménios procurados internacionalmente por crimes cometidos desde o início do conflito do Nagorno-Karabakh, há mais de 30 anos.