Seis meses depois de ter sido demitido pelo Governo por alegada “justa causa”, Manuel Beja deu a sua primeira entrevista. Ao Expresso, o ex-chairman da TAP considerou que foi “claramente um despedimento injusto”, “moralmente injusto”, e não descarta a hipótese de, tal como Christine Ourmières-Widener, dar entrada com um processo contra a TAP.

Manuel Beja e a presidente executiva da empresa, Christine Oumières-Widener, assinaram o acordo de saída da ex-administradora Alexandra Reis — que recebeu uma indemnização de 500 mil euros —, no qual a Inspeção-Geral de Finanças (IGF) concluiu ter havido falhas graves, tendo o Governo decidido despedir os dois responsáveis, alegando justa causa.

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Na sua primeira entrevista após a polémica, o ex-chairman da TAP considerou os despedimentos injustos, sem justa causa do ponto de vista jurídico, confessando que, “sabendo o que sabe hoje”, ter-se-ia demitido mais cedo: “E não teria assinado o acordo de saída de Alexandra Reis. Se soubesse que tinha erros jurídicos não o teria assinado.”

Afirma ainda ter aprendido que o “Estado é um mau acionista” que, em vez de agir em defesa da empresa quando o deve fazer, intervém em decisões que devem ser da administração. “A inação é particularmente clara por parte do Ministério das Finanças. E acredito que é estrutural“, afirmou Manuel Beja.

Sobre o processo que Christine Ourmières-Widener abriu contra a TAP, no qual reclama uma indemnização de 5,9 milhões de euros, Manuel Beja não descarta a hipótese de seguir o mesmo exemplo: “É um direito que poderei vir a exercer para mostrar que a destituição decidida pela assembleia-geral não tem justa causa.”

Christine Ourmières-Widener já deu entrada com processo contra TAP. Reclama 5,9 milhões