Uma vitória convincente frente ao Frosinone na Serie A com o técnico no banco, uma goleada com o Servette na Liga Europa com o técnico na bancada ainda a cumprir castigo, um cenário que parecia estar aos poucos a aliviar em Roma depois de um arranque de temporada aquém das expetativas. Afinal, era uma mera ilusão. E foi até de forma surpreendente que chegou este sábado a capa do Corriere dello Sport este sábado: em caso de nova derrota frente ao Cagliari na Sardenha, José Mourinho poderia ser de imediato despedido.

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Apesar dos resultados dos giallorossi sobretudo no Campeonato, que faziam com que chegassem à oitava ronda com apenas duas vitórias em sete jogos com oito pontos em 21 possíveis e um inesperado 15.º lugar na tabela classificativa, a posição do técnico português parecia ser uma das mais seguras até pelo trajeto que teve nas duas épocas anteriores, com a vitória na Liga Conferência e a final perdida na Liga Europa entre as qualificações europeias para a Liga Europa. Mais: com as chegadas de nomes como Lukaku, Paredes, Renato Sanches, Houssem Aouar ou Sardar Azmoun, a Roma tinha os argumentos que antes não tivera para lutar de forma consistente por um lugar nos quatro com acesso à Champions, o que fez também com que Mourinho recusasse as abordagens que foi recebendo para rumar onde um dia irá estar: Arábia Saudita.

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“Se renovaria agora? É uma situação hipotética, não posso responder a isso. O que posso dizer é que, há três meses houve quase um drama ao pensar que eu poderia sair. Em Budapeste, no relvado, disse aos jogadores que ficava, depois de Spezia reiterei-o aos adeptos, dois ou três dias depois dei a minha palavra ao presidente. No verão, tive a maior, mais importante e mais louca oferta de emprego que um treinador alguma vez teve na história do futebol e recusei-a por causa da minha palavra. Agora parece que sou um problema, não o aceito. Não o aceito porque não é verdade, não sou um problema. No futebol e na vida as coisas são multifatoriais, não se pode dizer que o responsável é aquele que está ali, são todos. Comprometi-me ao dar a minha palavra, por isso até 30 de junho de 2024 estarei aqui. Só o presidente me pode dizer que acaba mais cedo do que o previsto. Caso contrário, irei até ao fim”, referiu o português antes do jogo com o Frosinone.

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“As portas estão abertas para mim na Arábia Saudita, quero sentir o desenvolvimento que está a acontecer lá. O Cristiano Ronaldo foi o primeiro a ir e deu logo uma perspetiva diferente. Muitos jogadores, não só os que estão na fase final das suas carreiras, estão a ir para a Arábia Saudita porque a competição é forte. Não só no campeonato mas também na Liga dos Campeões asiática, que é muito interessante”, apontou este sábado numa entrevista ao canal egípcio MBC Egypt TV onde nem por isso deixou de destacar a ligação à Roma, com quem tem contrato até ao final da presente temporada, entre outros assuntos sobre futebol.

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Agora, e apesar de todas essas palavras, chegava o primeiro teste à luz da “ameaça” de saída com um sucessor já apontado que não era o “esperado” Antonio Conti: Hansi Flick, técnico que se sagrou campeão europeu e alemão pelo Bayern mas que viu a experiência na seleção da Alemanha interrompida de forma precoce após algumas derrotas em jogos particulares de preparação para o Europeu. E as notícias sobre o despedimento de José Mourinho eram manifestamente exageradas, com a Roma a golear o Cagliari naquela que foi a melhor exibição jogando como visitante da temporada (ainda não tinha ganho fora) e a subir a décimo.

Apesar de ter pertencido ao Cagliari a primeira ameaça do jogo com um remate de Andrea Petagna para Rui Patrício defgender, a Roma não demorou a assumir o controlo da partida e a somar oportunidades de golo. Nas duas primeiras, Dybala e Paredes deixaram a ameaça; nas duas seguintes, os visitantes passaram para a frente e logo por 2-0 em apenas 90 segundos: Aouar inaugurou o marcador após uma desmarcação de rutura na área com assistência de Spinazzola (19′), Lukaku aumentou logo de seguida desviando de cabeça ao segundo poste depois de um cruzamento tenso de Karsdorp (20′). Tudo corria de feição aos romanos, que só tiveram uma má notícia até ao intervalo com a lesão de Dybala que levou à entrada em campo de Belotti.

Claudio Ranieri tentava mexer com o jogo com mais uma substituição ao descanso mas este era mesmo o domingo da Roma, não só pela solidez com que foi conseguindo travar os movimentos ofensivos dos visitados mas também pela forma como foi percebendo os momentos do encontro e os dividendos que poderia retirar jogando mais em transições, como aconteceu logo no arranque com Belotti a trabalhar bem após um bom na passe profundidade para fazer o 3-0 na área com um remate cruzado (51′). Não ficaria por aí: numa jogada de antologia a passar por vários jogadores na frente, Leandro Paredes isolou de primeira Lukaku na área e o avançado não perdoou, aumentando para 4-0 com mais de meia hora por jogar (59′). Com pouco ou nada por fazer, o máximo que o Cagliari conseguiu foi reduzir de penálti por Nahitan Nández (87′).