A Associação dos Inquilinos Lisboneses (AIL) voltou esta quinta-feira a alertar para a taxa de esforço das famílias, que não comporta novos aumentos nas rendas sem apoios, e garantiu que agora “a batata quente” está nas mãos do Governo.
A AIL esteve reunida, na quarta-feira, com a ministra da Habitação, Marina Gonçalves.
Não estivemos propriamente a negociar, mas a conversar sobre os problemas da habitação e sobre a necessidade de aprofundar algumas medidas“, referiu o secretário-geral da AIL, António Machado, em declarações à Lusa.
A associação alertou, sobretudo, para a “enorme taxa de esforço”, que não comporta novos aumentos de rendas.
A taxa de esforço já é de 40%, 50% ou 60%, quando não é mais. Agora a ‘batata quente’ está na mão do Governo, vamos ver o que vai acontecer”, apontou.
Para a AIL, qualquer aumento tem que ser acompanhado por apoios às rendas e deduções fiscais superiores para os inquilinos.
Segundo a associação, do lado do Governo não ficou qualquer compromisso, tendo em conta que não se tratava de uma reunião de negociação, mas o executivo defende uma posição de equilíbrio, que a AIL ainda não sabe qual é.
O Governo e as associações deverão voltar a reunir nos próximos tempos, mas, para já, não ficou qualquer encontro marcado.
Na conferência de imprensa de apresentação do Orçamento do Estado para 2024, na terça-feira, o ministro das Finanças, Fernando Medina, registou que o Governo continua a desenvolver contactos com associações de inquilinos e proprietários.
Esse é um assunto que a minha colega [ministra da Habitação] ainda continua a desenvolver com várias entidades”, disse, então, Fernando Medina.
Perante o elevado contexto de inflação, o Governo decidiu limitar a atualização anual das rendas a 2% em 2023 tendo, em contrapartida, criado um benefício fiscal aos senhorios.
Para este ano, e perante um indicador de inflação que coloca a atualização anual das rendas nos 6,94%, o Governo encetou um processo de auscultação a representantes do setor, não tendo ainda divulgado qual será o aumento em 2024.
Afastado pelo primeiro-ministro, António Costa, está o cenário de haver uma fixação de 2% como sucedeu este ano.