O maior barómetro de que as eleições do FC Porto não serão apenas umas meras eleições surgiu no recente Relatório e Contas da SAD no exercício 2022/23 e consequente análise crítica que se foi seguindo. É quase como se os dragões tivessem voltado a uma idade dos porquês no sentido de ir escrutinando aquilo que é o presente do clube e da sociedade tendo em vista o futuro a breve e médio/longo prazo sem estar a ver apenas a realidade à luz de um passado de sucessivos êxitos desportivos. Neste contexto, parece certo que Pinto da Costa voltará a ter oposição no próximo sufrágio dos azuis e brancos em 2024 (seja em abril ou em junho, a data que está também em estudo). E se José Fernando Rio, gestor que teve 26,44% no último sufrágio, já admitiu em entrevista ao “Nem tudo o que vai à rede é bola” da Rádio Observador a possibilidade de avançar com uma nova candidatura contra o atual líder, também André Villas-Boas vai preparando caminho.

[Ouça aqui a entrevista de José Fernando Rio no programa “Nem tudo o que vai à rede é bola” da Rádio Observador]

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“O meu papel tem de ser preponderante nas eleições. Porque sou sócio desde que nasci e devo isso ao FC Porto. Se é para confirmar que votarei nessas eleições, evidentemente que sim, sejam elas em abril ou em junho, ou quando os sócios do FC Porto decidirem que será a data para o processo eleitoral. O meu caminho até aqui tem sido um caminho de preparação que me pode colocar perante ser candidato nas próximas eleições, ou não”, adiantou em entrevista ao Expresso, explicando o que falta (ou não) para esse passo.

“É uma decisão que exige ponderação, pensamento e esse, pelo menos, é o caminho que eu tenho que cumprir. Ou seja, estar preparado para ser o próximo presidente do FC Porto. Agora, é um cargo que exige máximas responsabilidades. Exige também uma equipa profissional e de créditos formados por trás. Toda a construção do que será a futura vida do Futebol Clube do Porto tem de acontecer com passos firmes, bem pensados, estruturados, com rigor. E acho que é isso mesmo que tem que ser levado bem em conta. São essas questões que ditam a apresentação de uma candidatura às próximas ou às seguintes eleições”, realçou, dizendo que o período desde que deixou o futebol ativo (o último clube onde esteve foi o Marselha até 2021) tem sido dedicado não só à família mas também ao que descreve como “reeducação” com o investimento em formação nas áreas necessárias para a liderança de um clube que pensava não dominar.

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Em paralelo, André Villas-Boas falou também de Pinto da Costa. Por um lado, tentou quase esvaziar aqueles “choques” que o líder portista tem abordado em vários momentos de intervenção pública nos últimos meses. Por outro, fez questão de dividir aquilo que é o respeito pelo que o número 1 fez pelo clube e aquilo que quer liderar no futuro. Tudo com uma certeza: avance ou não como candidato às eleições, seja neste ou num outro sufrágio, essa decisão não estará dependente da presença ou não de Pinto da Costa na corrida.

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“As suas tomadas de posição públicas são a sua opinião e eu tenho a máxima opinião dele e tenho o máximo respeito pelo que ele fez pelo FC Porto. Pelos momentos que vivemos juntos vejo com alguma surpresa determinados ataques de personalidade que acho que são injustificáveis e penso que não serão o reflexo do que ele realmente sente por mim. Registo, mas isso não muda em nada a opinião que tenho sobre o presidente Pinto da Costa e fiz questão de esclarecer tudo isso num documentário que ele está a preparar sobre a sua vida e que irá para a Netflix ou alguma destas empresas novas de streaming. As histórias que ele poderá tentar ou estará a tentar vender a público sobre nossos desencontros não existem da forma que ele as quer vender”, começou por esclarecer o antigo treinador dos dragões na mesma entrevista.

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“Acho que o presidente tornou bem claro recentemente que quem quiser que ele saia pode esperar sentado. O presidente projeta a sua continuidade para os próximos anos e depois caberá aos sócios eleger quem é que querem como presidente para os próximos anos. Acho que o presidente não precisa de achincalhar adversários tão alto está o seu pedestal e tudo o que ele atingiu no futebol no FC Porto e nem penso que se dedique a ataques pessoais pensando ou projetando algo deste género. Se poderá pela primeira vez encontrar nas próximas eleições um rival do ponto de vista mediático, desportivo, de competências técnicas ligadas ao desporto que são parecidas com as suas? Potencialmente”, acrescentou ainda Villas-Boas.

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