A falta de anestesistas no Hospital Garcia de Orta, em Almada, levou a que grávidas que entraram naquele hospital não pudessem ter um parto com epidural. Ao Observador, chegou um caso que aconteceu esta quinta-feira, em que a mulher foi obrigada a iniciar o trabalho de parto sem esta anestesia — e que pode não ser o único. Neste momento, devido à entrega dos pedidos de escusa a mais horas extra — para lá das 150 horas anuais obrigatórias por lei –, o Hospital Garcia de Orta, em Almada, não está a garantir a administração da epidural às grávidas que entram em trabalho de parto e só são garantidas anestesias em casos urgentes e muito urgentes.
Ao Observador, foi confirmado pelo hospital que, “num contexto de redução efetiva na equipa de anestesiologia, por indisponibilidade dos médicos para a realização de trabalho extraordinário, para além do limite legalmente previsto, os anestesiologistas ao serviço têm estado a dar resposta a procedimentos urgentes e emergentes”. Uma vez que a administração da epidural não é considerado um procedimento urgente, nem muito urgente, “não se garante a analgesia de trabalho de parto”. Isto não significa, no entanto, que, caso o médico anestesista não esteja em procedimentos urgentes, não possa administrar a epidural.
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Tal como o Observador adiantou esta terça-feira, de acordo com o movimento Médicos em Luta, 80% dos anestesistas do Hospital Garcia de Orta pediram escusa, recusando assim trabalhar mais do que as 150 horas previstas por lei. Aliás, neste hospital, todos os pediatras entregaram a minuta de escusa das 150 horas, assim como a maioria dos médicos de Cirurgia Geral.
Já a Urgência Pediátrica do Hospital Garcia de Orta encerrou esta quarta-feira no período noturno, entre as 20h e as 8h, e assim deverá continuar nos próximos dias. “O encerramento noturno da Urgência Pediátrica resulta da incapacidade de assegurar as correspondentes escalas médicas”, diz o hospital, em comunicado, ressalvando que se mantém o “atendimento diurno todos os dias da semana, incluindo sábados e domingos”. E a Urgência Geral tem “estado já a funcionar com equipas reduzidas e antevê-se maiores dificuldades no mês de novembro”, admitiu o hospital.