O Crescente Vermelho palestiniano apelou esta segunda-feira à comunidade internacional para garantir “um acesso seguro” aos feridos nos bombardeamentos à Faixa de Gaza, especialmente no norte, onde as forças israelitas dizem combater “terroristas” do movimento islamita palestiniano Hamas.
A organização internacional humanitária, que indicou estar a receber “centenas de chamadas no serviço de emergência por parte de palestinianos sob ataque na cidade de Gaza”, defendeu que é necessário “socorrer os feridos e ajudar as famílias encurraladas nas suas casas a abandonar as zonas sob contínuos bombardeamentos” e sem alimentos e água.
À medida que prossegue a invasão terrestre das forças de ocupação israelitas (…), continua a ser impedido o acesso às ambulâncias, o que tem como resultado a presença de dezenas de corpos sem vida nas ruas”, explicou o Crescente Vermelho num comunicado, lamentando a impossibilidade de chegar aos feridos.
Segundo a organização, as zonas em que decorrem estas operações militares que impedem o acesso da ajuda concentram-se especialmente no oeste da cidade de Gaza e no sul do bairro costeiro de Al-Rimal, situado a cerca de três quilómetros do centro da cidade e até agora considerado o bairro mais próspero da Faixa de Gaza.
Os civis destas zonas são esquecidos, não dispõem de serviços de emergência, devido à incapacidade das ambulâncias para chegar aos feridos, e não podem ir para os hospitais, que se encontram agora fora de serviço”, referiu o Crescente Vermelho, acrescentando que “só três hospitais continuam a funcionar, quase sem acesso a combustível e medicamentos”.
Instou, por isso, a comunidade internacional e os parceiros do Crescente Vermelho, além das agências especializadas da ONU, a “intervirem imediatamente” para garantir o acesso das ambulâncias e das missões de saúde àqueles “que mais necessitam, em cumprimento do Direito Internacional”.
A 7 de outubro, combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) — desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel —realizaram em território israelita um ataque de dimensões sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.200 mortos, na maioria civis, cerca de 5.000 feridos e mais de 200 reféns.
Em retaliação, Israel declarou uma guerra para “erradicar” o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre que cercou a cidade de Gaza.
A guerra entre Israel e o Hamas, que esta segunda-feira entrou no 38.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza 11.180 mortos, 28.200 feridos, 3.250 desaparecidos sob os escombros e mais de 1,5 milhões de deslocados, segundo o mais recente balanço das autoridades locais.