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"Ninguém no país está acima da lei. Portugal é um país seguro". O apelo de Costa Silva aos investidores no fecho da Web Summit

Este artigo tem mais de 6 meses

Crise política, orçamento do Estado e o maior partido da oposição. Nenhum tema ficou de fora no discurso de encerramento da Web Summit, proferido pelo ministro da Economia.

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TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Com o Presidente da República ausente do país, quebrou-se uma tradição. Não houve Marcelo Rebelo de Sousa no encerramento da Web Summit (como também não houve Paddy Cosgrave), e entre os dois protagonistas da cerimónia final deste ano faltou o habitual “até para o ano”. Coube a Katherine Maher, nova CEO do evento, pedir aplausos para a equipa e os voluntários e desejar que todos os participantes regressem em 2024. E coube a António Costa Silva, ministro da Economia, intervir mais uma vez (a terceira nesta edição) em nome do Governo.

Quem esperava que a crise política ficasse de fora do discurso do ministro, terá ficado surpreendido. Costa Silva admitiu que o país enfrenta problemas, mas garantiu que Portugal é estável e um bom destino para investimento estrangeiro. “Somos um país muito aberto. Hoje, Portugal enfrenta uma crise política mas é um país muito estável. Ninguém no país está acima da lei e Portugal é regido pela lei. Temos um sistema democrático consolidado e vamos encontrar o nosso caminho para o futuro”.

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

O comentário valeu os aplausos das poucas milhares de pessoas que restavam na Altice Arena, e Costa Silva foi mais longe. “Quero dizer aos nossos investidores: somos um país seguro, os dois maiores partidos (PS e PSD) partilham um visão pró europeia, que favorece a economia de mercado, partilham uma visão de atração de investimento estrangeiro. O país esta a sair-se muito bem”, garantiu o ministro, voltando a ressalvar que em 2022 Portugal passou de 8º para 6º no ranking do investimento direto estrangeiro na UE.

Nem o orçamento do Estado ficou de fora do discurso final de Costa Silva na Web Summit. “Temos uma lei competitiva para startups e estamos a redefinir a lei. Vamos baixar os impostos . O regime das stock options vai aplicar-se aos fundadores e gestores das startups e o regime dos residentes não habituais será corrigido no orçamento do Estado para incorporar os trabalhadores das startups. Estamos a olhar para o futuro”.

Num discurso que durou quase 13 minutos, no qual o ministro foi “silenciado” por problemas técnicos durante alguns segundos, houve ainda tempo para histórias inspiradoras, como a do engenheiro que apresentou sem sucesso a câmara digital à Kodak em 1975 e foi despedido porque a sua invenção era “lixo”. “Anos mais tarde as câmaras digitais passaram a a dominar o mercado e a Kodak entrou na bancarrota”, lembrou, para deixar uma mensagem: “não desistam dos vossos sonhos, as vossas ideias podem mudar o mercado. Uma ideia poderosa pode mudar todo o sistema”.

Não foi o único apelo do ministro da Economia, que aos empreendedores na sala alertou para os níveis de produção e consumo insustentáveis que dominam o mundo, e que se foi possível mudar no passado com recurso a tecnologias, será possível mudar no presente o mesmo princípio mas outros avanços, como a inteligência artificial. Antes de 1900, lembrou o ministro, havia 100 mil cavalos em Central Park, em Nova Iorque, e 300 mil em Londres. A “pestilência” estava a tornar a vida nas cidades insuportável, até que Thomas Edison e Henry Ford inventaram a eletricidade e o motor de combustão interna. “Acredito que a IA, a industrialização da aprendizagem automática vão trazer uma nova onda de prosperidade”, defendeu. “Temos de usar a tecnologia da forma certa”, concluiu o ministro, não sem antes citar um “poeta português”. O futuro, disse, é algo com que todos devemos preocupar-nos, porque “é onde vamos passar o resto da vida”.

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