Os cientistas avisaram e acabou por acontecer mais cedo do que o previsto. A Terra ultrapassou pela primeira vez o limite de dois graus de aquecimento. Não um, mas dois dias seguidos.

O alerta foi dado por Samantha Burgess, diretora-adjunta do Serviço Copernicus para as Alterações Climáticas, que escreveu na rede social X, antigo Twitter, que, na sexta-feira e no sábado passado, a temperatura média global ultrapassou “temporariamente” o limiar dos dois graus Celsius mais quente do que os níveis anteriores à industrialização.

“A nossa melhor estimativa é que este foi o primeiro dia em que a temperatura global esteve mais de 2 °C acima dos níveis de 1850-1900 (ou pré-industriais), com 2,06 °C”, começou por escrever. Horas depois, a previsão veio mesmo a ser confirmada com uma temperatura de 2,07 °C a ser registada na sexta-feira (17) e uma de 2,06 °C no sábado (18).

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A notícia surge dez dias antes da 28.ª conferência da ONU sobe o clima que, este ano, se realiza no Dubai, de 30 de novembro a 12 de dezembro. A COP28 serve para os países refletirem e divulgarem os seus progressos em relação ao Acordo de Paris, que impôs o compromisso de limitar o aquecimento global a dois graus acima dos níveis pré-industriais e de concentrar os esforços no limite de aumento de 1,5 graus.

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Mas terão as temperaturas destes dois dias mostrado que já é tarde demais para combater a crise climática? A diretora-adjunta diz que não. Em declarações à CNN, Burgess reforçou que tal “não significa que o Acordo de Paris tenha sido violado, mas destaca a forma como nos estamos a aproximar dos limites acordados internacionalmente”.

Podemos esperar ver uma frequência crescente de dias com 1,5 e 2 graus nos próximos meses e anos”, previu.

Esta suspeita vem em linha com o mais recente relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP, na sigla original), apresentado esta segunda-feira, que evidenciou que, com as medidas atuais, o planeta caminha para um aumento de temperatura entre os 2,5°C e os 2,9 °C até final do século.

O relatório da ONU destaca que as emissões de Gases de Efeito de Estufa (GEE) atingiram novos máximos, que continuam os recordes de temperaturas e que se intensificam os impactos climáticos.

Os especialistas avisam que nesta trajetória os aumentos de temperatura serão muito acima do assumido, pelo que é preciso que os Estados façam muito mais do que prometeram.

No documento apela-se às nações para que acelerem as transformações no sentido de um desenvolvimento com baixas emissões de GEE, e pede-se aos países mais ricos e maiores emissores para tomarem medidas mais ambiciosas e apoiarem os países em desenvolvimento.

Durante a apresentação, António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, pediu que fossem tomadas de imediato “medidas espetaculares” para impedir um maior aquecimento global, dizendo que é preciso triplicar as fontes de energia alternativa e levar energia limpa a todos.

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