O ministro da Economia e Finanças da Guiné-Bissau, Suleimane Seidi, e o secretário de Estado do Tesouro, António Monteiro, foram reconduzidos esta sexta-feira à prisão após terem sido libertados na noite de quinta-feira por soldados da Guarda Nacional.
Fonte militar disse à Lusa que os dois governantes se encontravam no quartel da Guarda Nacional, no bairro de Luanda, arredores de Bissau, de onde foram levados novamente “para as celas da Polícia Judiciária” no bairro de Reno.
Suleimane Seidi e Antonio Monteiro foram postos em prisão preventiva, na quinta-feira, apôs seis horas de interrogatórios no Ministério Público, e momentos depois foram retirados das celas pela Guarda Nacional.
Por volta da 1h00 desta manhã eclodiram violentos tiroteios em Bissau, concretamente junto ao quartel da Guarda Nacional, no bairro de Luanda.
Fontes militares indicaram à Lusa tratar-se de confrontos entre soldados daquela corporação e elementos do Batalhão da Presidência da República.
As mesmas fontes precisaram que a Polícia Militar foi enviada ao local dos combates e esta manhã, por volta das 8h30, deteve o comandante da Guarda Nacional, coronel Vítor Tchongo, e “mais alguns elementos” daquela corporação.
Tchongo e os outros detidos da Guarda Nacional foram conduzidos para as celas no quartel do Estado Maior General das Forças Armadas, na Amura, no centro de Bissau.
Na capital da Guiné-Bissau deixaram de se ouvir, por volta das 9h00, os disparos de armas, que começaram cerca das 1h20 desta sexta-feira, prolongaram-se por alguns minutos e voltaram a ouvir-se pouco depois das 7h00.
Nos dois momentos, os tiros ecoaram por toda a cidade de Bissau e partiram das imediações do quartel no bairro de Luanda e de outras instalações da Guarda Nacional, de acordo com os relatos que foram chegando à Lusa.
A zona dos bairros mais próximos dos disparos, como Santa Luzia, Luanda, Empantcha esteve, nas primeiras horas da manhã, sem movimentos de viaturas e pessoas, algum comércio encerrou na capital da Guiné-Bissau, mas noutras zonas da cidade a população manteve as rotinas normais, mesmo com o som dos disparos.
Os tiros aconteceram na sequência de tensões vividas durante toda a noite de quinta-feira, depois de o Ministério Público ter decretado a prisão preventiva do ministro das Finanças, Sulemaine Seide, e do secretário de Estado do Tesouro, António Monteiro.
Os governantes estão a ser investigados no âmbito de um pagamento de seis mil milhões de francos CFA (cerca de 10 milhões de dólares) a 11 empresários, através de um crédito a um banco comercial de Bissau.
Logo após a denúncia do caso, o Ministério Público efetuou buscas e apreendeu documentos no Ministério da Economia e Finanças e ainda no banco que concedeu o crédito para o pagamento aos empresários.
Vários dirigentes da pasta da Economia e Finanças já foram ouvidos desde a semana passada, no âmbito do processo judicial que levou à prisão preventiva dos dois principais responsáveis do ministério.
Coligação no Governo acusa batalhão presidencial de “uso desproporcional” da força
A coligação no Governo na Guiné-Bissau acusou esta sexta-feira o batalhão do Palácio Presidencial de estar a fazer um uso “desproporcional e despropositado” da força após confrontos com a Guarda Nacional relacionados com a detenção dos dois membros do executivo.
Em declarações à agência Lusa a partir de Bissau, uma fonte da Coligação Plataforma Aliança Inclusiva (PAI) — Terra Ranka, que pediu para não ser identificada, considerou que a troca de tiros que ocorreu esta madrugada e esta sexta-feira de manhã em Bissau é “um golpe de força da Presidência da República contra a Guarda Nacional que simplesmente havia protegido a vida de dois membros do governo”.
“Nada justifica tal uso da força e este nível de violência indiscriminada”, acrescentou a mesma fonte, pedindo à comunidade internacional que exija uma intervenção da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental CEDEAO), que tem no país uma força desde a tentativa de golpe de Estado de 1 de fevereiro de 2022.
Polícia Militar confirma pelo menos dois mortos nos confrontos armados em Bissau
A Polícia Militar guineense disse à Lusa que pelo menos dois militares morreram nos combates registados em Bissau na madrugada e manhã desta sexta-feira entre agentes da Guarda Nacional e elementos do Batalhão do Palácio presidencial.
De acordo com a mesma fonte, os mortos seriam um agente da Guarda Nacional e um militar do Batalhão presidencial. “Para já estamos ainda a averiguar, mas pelo menos, podemos confirmar estas duas mortes”, referiu a fonte da Polícia Militar, corpo do exército que mantém a ordem entre os militares em caso de altercações armadas.
A mesma fonte indicou ainda que até ao momento foram registados dois feridos, que estão a receber tratamento médico.
O vice-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, general Mamadu Turé “Nkrumah”, emitiu um comunicado em que informa a população e a comunidade internacional de que a “situação voltou à calma” e que tudo foi provocado pela atuação do Comandante da Guarda Nacional, Vítor Tchongo, ao mandar libertar os dois membros do Governo detidos na Polícia Judiciária (PJ).
“Por estas razões as Forças Republicanas levantaram-se e repuseram a ordem constitucional”, lê-se no comunicado.
Os disparaos ecoaram por toda a cidade de Bissau e partiram das imediações do quartel no bairro de Luanda e de outras instalações da Guarda Nacional, de acordo com os relatos que foram chegando à Lusa.
A zona dos bairros mais próximos dos disparos, como Santa Luzia, Luanda, Empantcha esteve, nas primeiras horas da manhã, sem movimentos de viaturas e pessoas, algum comércio encerrou, mas noutras zonas da cidade a população manteve as rotinas normais, mesmo com o som dos disparos.
Notícia atualizada com a confirmação de, pelo menos, dois mortos nos confrontos armados em Bissau às 15h26