Foi apenas uma vitória, acabou por transformar-se em mais do que uma vitória. No segundo clássico para a Liga espanhola em Montjuïc depois da derrota nos descontos com o Real Madrid, o Barcelona conseguiu bater o Atl. Madrid, ganhou outro fôlego no Campeonato e “recuperou” João Félix, que depois de 12 jogos consecutivos sem marcar decidiu a partida com o FC Porto e foi o grande protagonista também com um golo no reencontro com o clube com quem tem contrato. No entanto, e em termos coletivos, nem isso assegurava o regresso às melhores exibições dos blaugrana, que continuavam a sentir dificuldades em construir vitórias.

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Olhando apenas para os encontros da Liga, é preciso recuar até setembro para se encontrar um jogo em que o Barça ganhou por mais do que um golo (Betis, 5-0). A partir daí, e em dez partidas, perdeu uma com o Real, empatou três e ganhou seis, sendo que essas seis foram sempre pela margem mínima e muitas vezes a começar a perder. Se Joan Laporta, que esta semana foi aos EAU em busca de novas fontes de receita que possam potenciar as contas dos catalães, continua com a plena convicção de que o Barcelona vai ser de novo campeão, Xavi Hernández tinha a noção de que os últimos encontros ajudaram a melhorar a confiança da equipa mas que nem tudo estava solucionado, ainda para mais defrontando um Girona muito motivado.

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“Vai ser um grande jogo, vamos defrontar um dos líderes da Liga. Não é uma surpresa porque joga muito bem, faz tudo bem. O Michel é um grande treinador, que quer ter a bola como protagonista mas que sabe pressionar com um futebol de grande nível. É uma equipa que tem uma confiança tremenda, que joga de uma forma descarada. Vimos de uma boa dinâmica e queremos dar continuidade a isso. Podem lutar pela vitória na Liga, já demonstraram. Temos de tentar contrariar isso”, comentara o técnico dos culé no lançamento de uma partida que tinha esse aliciante de abrir a oportunidade de aproveitar o empate do Real frente ao Betis. Alguém aproveitou mas, ao contrário do que se poderia pensar, não foi o Barcelona, com o Girona a isolar-se mesmo na liderança com 41 pontos, mais dois do que o Real e mais sete do que o Barça.

O encontro começou com o Barça a explorar sempre que possível o flanco esquerdo com João Cancelo e João Félix mas foi do Girona o primeiro lance com relativo perigo, com Tsygankov a testar a meia distância de pé esquerdo para defesa de Iñaki Peña (6′). O aviso estava deixado, nem por isso os blaugrana perceberam e, entre os períodos maiores de posse da equipa da casa, foram os visitantes que necessitaram apenas de quatro toques para inaugurarem o marcador com Tsygankov a ser lançado pela direita antes de ligar outra vez a conexão ucraniana para o 1-0 de Dovbyk (12′). Os muitos adeptos do Girona faziam a festa mas nem por isso esse ambiente perduraria no tempo, com a reação do conjunto de Xavi Hernández a ser imediata.

A ser capaz de encontrar mais espaços entre a bem organizada defesa de Michel e com zonas de pressão mais altas que condicionavam a saída de um Girona incapaz de jogar direto na frente a não ser em caso de estrita necessidade, o Barcelona teve uma primeira ocasião flagrante num cruzamento de João Cancelo ao segundo poste desviado por Raphinha para defesa de Paulo Gazzaniga (18′) antes de chegar ao empate no seguimento de um canto, com Lewandowski a subir mais alto e a desviar de cabeça para o 1-1 (19′). Voltava tudo à estaca “zero” mas com muito ainda para contar na primeira parte, que teve dois remates a rasar o poste de Miguel Gutiérrez (28′ e 38′) e uma assistência de calcanhar de João Félix que isolou João Cancelo para nova defesa de Gazzaniga (31′) antes do 2-1 para os visitantes num remate de pé esquerdo de Gutiérrez (40′).

O início do segundo tempo teve mais Barça no meio-campo contrário. A ter mais bola, a rematar mais, a chegar mais e melhor ao último terço. No entanto, todas as tentativas foram sendo anuladas por defesas de Gazzaniga, por falta de pontaria e por alguns cortes providenciais que foram anulando o segundo golo que deixaria tudo em aberto. Baldé, Ferrán Torres e Lamine Yamal foram também lançados para reforçar uma equipa que voltou a contar com De Jong e Pedri no meio-campo mas seria o Girona a dar a estocada final a dez minutos do final, com Valery Fernández a marcar o 3-1 e a deixar em delírio os adeptos que se manifestavam um pouco por todo o estádio por mais um capítulo de uma época para a história, sendo que o melhor que os blaugrana conseguiram foi mesmo reduzir a desvantagem por Gündogan (90+2′) antes de Stuani fechar em definitivo as contas aos 90+5′ depois de Lewandowski ter falhado sozinho o empate.