No futebol, tudo se cria, tudo se perde, tudo se transforma. Foi esta a evolução do vínculo de João Félix com o Atlético Madrid. Os colchoneros pagaram 120 milhões de euros ao Benfica e levaram o jogador. A relação entre a equipa espanhola e o internacional português deteriorou-se. Félix saiu por empréstimo para o Barcelona e, claramente, por vontade do jogador não sai mais da Catalunha.

João Félix montou um imbróglio no futebol espanhol. A relação entre o criativo e Diego Simeone, treinador do Atlético Madrid, encontra-se a nadar com os peixes de tão afundada que está. Começa-se a intensificar cada vez mais os rumor de que o Barcelona quer ficar com João Félix a título definitivo na próxima época. Do lado do Atlético, a narrativa não é coerente.

As declarações públicas de jogadores e antigos companheiros de equipa denotam uma clara crispação. Esta semana, numa entrevista à Movistar+, Antoine Griezmann, que herdou a camisola sete do português, referiu que faltou consistência a João Félix na passagem pelo Atlético. “Quando chegas aqui sabes mais ou menos como é o treinador, como é a equipa, adaptas-te e trabalhas ou as coisas não vão correr bem para ti. O João teve momentos em que esteve muito bem e em que trabalhava muito bem, mas tem que ser constante. Chegou a um momento em que se cansou. Já não se imaginava a estar aqui e, por isso, forçou a saída e o clube também”.

Do ponto de vista diretivo, o presidente do Atlético, Enrique Cerezo, tem transmitido uma mensagem diferente. Uma vez que João Félix ainda tem contrato com os rojiblancos, a mensagem institucional tem tentado valorizar o jogador de modo a que uma possível futura venda seja feita pelo valor mais próximo possível do preço de compra. “É um jogador que está emprestado pelo Atlético ao Barça. Desejamos-lhe tudo de bom, é um dos melhores jogadores de futebol da Europa e joga no Barça. Se o Barcelona não o quiser no próximo ano, ele voltará a ser jogador do Atlético. Assim simples. Terei de dizer que é o melhor da Europa, porque é”, disse Cerezo.

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João Félix, por sua vez, não se tem esforçado nada para ser diplomático. Quando questionado pela ESPN se preferia o estilo de jogo do Barcelona ou o do Atlético Madrid. “Claro que prefiro o estilo do Barça, eu e todos os jogadores”, disse o português “Se perguntarem também aos jogadores do Atlético, eles preferem jogar mais tempo no ataque, claro. E se não responderem isso, estão a mentir”. 

No dia em que o Barcelona recebia o Atlético Madrid no Montjuic, as declarações do português eram paradoxais. Os colchoneros, quartos classificados com menos um jogos disputado, chegavam à 15.ª jornada da La Liga com os mesmos 31 pontos dos catalães, quintos na tabela. Além disso, nos jogos anteriores, a equipa de Simeone conseguiu um registo de 30 golos marcados (mais três que o Barcelona) e apenas 12 sofridos (menos dois que o emblema blaugrana).

Os números não entram em  campo, mas a emoção sim. O lado emocional deste encontro pedia claramente uma coisa: o golo de João Félix. A lei do ex não falhou e apareceu na Catalunha. José María Giménez desfez a linha de cinco defesas do Atlético ao ir quase à área contrária pressionar Pedri e acabou por criar uma cratera no setor recuado dos colchoneros. O lance desenrolou-se sem que o uruguaio recuperasse. Assim, Raphinha abriu na esquerda e João Félix (28′) picou sobre Oblak, adiantando o Barça.

Com Jules Koundé como lateral-direito, João Cancelo ocupou o lado esquerdo da defesa blaugrana. A dupla de Joões contribuiu para um arranque positivo do Barcelona. Antes do golo, o catalães já tinham criado perigo através de Raphinha e Lewandowski. Também os colchoneros espreitaram o ataque graças às arrancadas de Marcos Llorente pela direita. João Félix ia sendo castigado com faltas o que desgastavam o internacional português, mas limitavam os defesas do Atlético com os cartões amarelos que iam vendo. As substituições que Simeone fez foram justificadas exatamente por pela indisciplina dos jogadores vindos da capital espanhola.

Na segunda parte, os colchoneros assumiram uma postura de clara aposta no contra-ataque. Confortável com bola, o Barcelona, por intermédio de Raphinha, acertou no poste e não conseguiu capitalizar. Já sem João Félix em campo (saiu ao minuto 77), Memphis Depay, de livre direto, rematou para uma grande defesa de Iñaki Peña, guarda-redes que tem rendido o lesionado Ter Stegen, para a barra. Mesmo que os rojiblancos se tenham superiorizado nos minutos finais, até foi Lewandowski que, numa jogada de transição podia ter matado o jogo. O desfecho acabou por ser aquele que vinha no guião: o Barcelona vencer com João Félix como herói (1-0).