O secretário de Estado do Trabalho, Miguel Fontes, mostrou-se “atento” e “preocupado” com a situação no Global Media Group (GMG), num encontro com o Sindicato dos Jornalistas (SJ) esta segunda-feira.

O governante, disse o SJ em comunicado, expressou “apreensão e preocupação” com a situação no GMG, que detém o Jornal de Notícias, TSF, O Jogo e o Diário de Notícia, garantindo que “vai estar atento ao grupo e que quer ser informado do que for acontecendo”.

“Quis dar um sinal de que estou atento”, disse Miguel Fontes, durante um encontro com SJ na manhã desta segunda-feira, no Ministério do Trabalho da Solidariedade e Segurança Social. “Foi com apreensão e preocupação que acompanhei as últimas notícias”, afirmou, citado pela estrutura sindical.

Segundo o SJ, Miguel Fontes “mostrou grande interesse e conhecimento sobre a situação no GMG” e deu conta das “possibilidades de acompanhamento por parte do Ministério do Trabalho” do “processo de rescisões por acordo que a empresa anunciou na quarta-feira, primeiro dos dois dias de greve no grupo”.

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De acordo com o SJ, o governante “pediu ‘para ser informado’ de desenvolvimentos futuros no grupo e mostrou surpresa com os recentes acontecimentos, desde a intenção de despedir 150 pessoas à comunicação formal de rescisões amigáveis com 200 trabalhadores, num universo de 500”.

“As notícias iniciais sobre o grupo vinham em sentido contrário, de investimento com o objetivo de reforçar”, disse.

O SJ alertou, por sua vez, o secretário de Estado para “o perigo que pode representar a entrada de fundos de investimento no capital de empresas de media, como aconteceu no jornal ‘A Bola’, que despediu 2/3 dos trabalhadores, e agora no GMG, que pretende dispensar mais de 1/3 da capacidade de trabalho”.

“Não é apenas uma questão laboral, porque mexe com questões cívicas”, comentou o secretário de Estado.

O sindicato alertou ainda o secretário de Estado para “o incumprimento generalizado do Contrato Coletivo de Trabalho (CCT) da imprensa, em vigor desde agosto”.

O GMG vai negociar “com caráter de urgência” rescisões com 150 a 200 trabalhadores e avançar com uma reestruturação para evitar “a mais do que previsível falência do grupo”, anunciou no dia 6 de dezembro, num comunicado interno.

De acordo com o comunicado, a que a agência Lusa teve acesso, os acordos de rescisão serão negociados “num universo entre 150 e 200 trabalhadores nas diversas áreas e marcas” do grupo, sendo o objetivo “evitar um processo de despedimento coletivo” que, segundo a Comissão Executiva, “apenas será opção em último caso”.

“Face aos constrangimentos financeiros criados pela anulação do negócio da Lusa”, a administração do GMG avança ainda que “o pagamento do subsídio de Natal referente ao ano de 2023 só poderá ser efetuado através de duodécimos, acrescido nos vencimentos de janeiro a dezembro do próximo ano”.

O GMG atribuiu o fracasso da venda das suas participações na agência Lusa a um “processo de permanente interferência política”, garantindo que a operação financeira “estava totalmente fechada”, com o “acordo expresso” do PSD.