Quatro ministros japoneses apresentaram esta quinta-feira a demissão, depois de o primeiro-ministro, Fumio Kishida, ter anunciado que pretendia enfrentar um escândalo de fraude financeira no seio do partido que lidera, noticiaram media locais.
“Apresentei a minha demissão ao primeiro-ministro”, declarou esta manhã o braço direito de Kishida, o secretário-geral (com estatuto ministerial) e porta-voz do governo, Hirokazu Matsuno, referindo-se às suspeitas de que é alvo.
O ministro da Economia, Comércio e Indústria, Yasutoshi Nishimura, o ministro da Administração Interna, Junji Suzuki, e o ministro da Agricultura, Ichiro Miyashita, também apresentaram a demissão, juntamente com cinco vice-ministros e outros funcionários, anunciou Matsuno.
“A desconfiança do público está centrada em mim em relação aos fundos políticos, o que está a levar à desconfiança em relação ao governo. Como está a decorrer uma investigação, achei que devia esclarecer as coisas”, justificou Yasutoshi Nishimura aos jornalistas.
De acordo com a imprensa, os procuradores japoneses estão a investigar suspeitas de fraude contra dezenas de membros do Partido Liberal Democrata (LDP, direita conservadora), que governa o país quase ininterruptamente desde 1955.
Os meios de comunicação social japoneses têm apontado que estes membros são suspeitos de não terem declarado o equivalente a vários milhões de euros recolhidos através da venda de bilhetes para eventos de angariação de fundos, que o LDP lhes terá pago.
Os investigadores estão sobretudo interessados nos membros da maior fação interna do partido, liderada pelo antigo primeiro-ministro Shinzo Abe, assassinado no ano passado.
Shinzo Abe: as imagens do luto no Japão. Primeiro-ministro foi assassinado esta sexta-feira
Estes terão recebido cerca de 500 milhões de ienes (3,2 milhões de euros) durante um período de cinco anos, até 2022.
Kishida, que considerou “extremamente lamentável que a situação tenha dado origem à desconfiança do público”, prometeu “tornar-se numa bola de fogo para restaurar a confiança no governo”, anunciando que ia “fazer rapidamente nomeações”.
O primeiro-ministro japonês prepara-se para substituir não só os três ministros demissionários, mas também o secretário-geral e porta-voz do governo, Hirokazu Matsuno, notou a imprensa.
No total, nove ministros e vice-ministros serão afetados pela remodelação.
Todos os ministros a substituir pertencem à “fação Abe”, embora se diga que o escândalo também afete membros do lado de Kishida, acrescentou a comunicação social nipónica.
Mesmo antes deste escândalo, a popularidade de Kishida, de 66 anos, estava em baixo, nomeadamente devido à inflação persistente e à queda do iene, resultando numa quebra do poder de compra das famílias nipónicas, apesar do anúncio do governo, no mês passado, de um novo plano de estímulo fiscal.