Jean-Phillipe Imparato é o CEO que a Stellantis colocou à frente da Alfa Romeo, com o objectivo de acabar com os sucessivos resultados negativos e conduzir o reputado construtor italiano de regresso aos lucros e a uma posição no mercado compatível com a sua história recheada de sucessos. Depois de colocar a Peugeot nos píncaros, entre os construtores generalistas, Imparato prepara-se para voltar a surpreender com a recuperação da Alfa Romeo, pelo que revelou uma série de características do que será em breve o seu modelo mais vendido, um SUV do segmento B que irá mostrar em Abril de 2024, para depois iniciar as entregas a clientes em Setembro.

Da conversa com o CEO da marca, a primeira surpresa teve a ver com a denominação do B-SUV que, para a Alfa Romeo, significa “Sport Urban Vehicle” em vez de “Sport Utility Vehicle”, como até aqui era entendido. Destinado a integrar a gama do construtor italiano como o modelo mais pequeno e acessível, abaixo pois do Tonale, o pequeno SUV chama-se Milano, prestando assim homenagem à cidade que viu nascer a marca em 1910. Irá oferecer apenas dois tipos de motorizações, uma com motor de combustão a gasolina electrificado com uma solução mild hybrid, sendo a segunda (e provavelmente a mais importante) a versão 100% eléctrica a bateria.

Milano com mais potência e tracção integral

Assente sobre uma plataforma do grupo Stellantis, a mesma que dá origem a modelos como o Peugeot e-2008 e o Jeep Avenger, o Milano não abre mão do tradicional carácter desportivo da Alfa Romeo, sobretudo porque este é o primeiro veículo da marca que Imparato acompanha desde que foi concebido sobre uma folha de papel em branco. Daí que a variante eléctrica anuncie uma versão 4×4, que terá de necessariamente montar dois motores, um por eixo – será a estreia desta plataforma com um motor atrás –, para melhorar a capacidade de tracção em pisos escorregadios. Esta opção é tanto mais estranha quanto a marca faz questão em reforçar a mensagem que este SUV é “Urban” e não “Utility”…

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Jean-Phillipe Imparato avançou igualmente que o Milano terá direito a uma versão mais desportiva, confirmando que esta não se denominará Quadrifoglio, mas sim Perfo. O objectivo desta estratégia será incrementar a capacidade de aceleração, posicionando o novo B-SUV eléctrico acima da concorrência, que para o CEO passa pelo Mini Countryman, mas não só. Daí que se compreenda os dois motores, uma vez que também só com esta solução o Countryman mais desportivo atinge 313 cv e garante tracção 4×4, com quem o Milano se pretende bater.

E o que reserva o futuro para a Alfa Romeo?

Questionámos o CEO sobre os motivos que levaram a Alfa Romeo a não adoptar para o Tonale a mesma estratégia agora abraçada pelo Milano e a resposta de Imparato não podia ser mais transparente: “Quando chegámos à marca o Tonale já estava praticamente terminado, pelo que era impossível voltar muito atrás e conceber uma versão eléctrica. Daí que tivéssemos optado por abrir mão da versão a bateria e concentrámo-nos no PHEV, que melhorámos em potência e autonomia, para se enquadrar com o espírito da marca.” E tudo indica que foram ao encontro dos desejos do público, uma vez que o Tonale representa 60% das vendas da marca, possuindo um peso ainda superior nos lucros da empresa.

Quando ao futuro, Imparato garante que a Alfa Romeo está no bom caminho e “os resultados financeiros provam isso mesmo”. Segundo o gestor, existe margem para investir fortemente em novos produtos e meios para os produzir, o que levará a fábrica de Cassino a ser adaptada à produção de veículos eléctricos com plataformas específicas para carros a bateria. E, em 2025 e 2026, surgirão dois novos modelos 100% eléctricos da Alfa Romeo para o segmento D, ambos concebidos sobre a nova plataforma STLA Large. Se associarmos esta realidade à garantia de Imparato sobre o futuro eléctrico para o Giulia, não é difícil acertar pelo menos num destes dois próximos veículos eléctricos.