O grupo sul-coreano Coupang anunciou em comunicado a intenção de comprar o negócio e ativos da Farfetch. A empresa está disponível para injetar 500 milhões de dólares na empresa de José Neves.

A retalhista coreana refere que, através da aquisição da Farfetch, ficará “posicionada como uma líder num negócio de 400 mil milhões de dólares no segmento de bens de luxo”.

A Coupang indica que vai injetar 500 milhões para que a companhia luso-britânica possa “continuar a disponibilizar tecnologia de ponta a marcas exclusivas e boutiques”.

Bom Kim, fundador e CEO da Coupang, explica, em comunicado, que a Farfetch “vai rededicar-se a disponibilizar a mais elevada experiência do mundo a marcas exclusivas, ao mesmo tempo em que procura crescer de forma estável e ponderada como uma empresa fora de bolsa”.

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A informação sobre a intenção de saída de Wall Street, que confirma a notícia avançada pelo Telegraph no final de novembro, também consta do comunicado emitido pela Farfetch. Na primeira informação tornada pública desde 28 de novembro, quando disse que não ia apresentar resultados do terceiro trimestre, a empresa explica que, quando o negócio estiver concluído, é esperado “que a empresa saia da bolsa de valores de Nova Iorque”.

A negociação de ações da Farfetch foi suspensa às 9h17 em Nova Iorque, 14h07 na hora de Lisboa. Os títulos da Coupang seguem a desvalorizar 3,76% por volta das 16h30, a cotar nos 16,38 dólares.

José Neves, o fundador e CEO da Farfetch, é citado no anúncio da Coupangm dizendo estar entusiasmado “pela parceria com uma empresa tão respeitada do top da Fortune 200 que está comprometida a investir em inovações e a transformar todos os aspetos da experiência de consumidor da Farfetch”.

É dito que a empresa de investimento Greenoaks vai estar envolvida na transação e assumirá o papel de parceria de investimento da Coupang na aquisição.

A Coupang é uma empresa de comércio eletrónico que está cotada em Nova Iorque desde março de 2021 Foi fundada em 2010, por Bom Kim e cresceu até se transformar no maior portal de comércio eletrónico da Coreia do Sul. É com frequência descrita como a “Amazon da Coreia do Sul” já que, além do comércio eletrónico, também tem um serviço de streaming de vídeo chamado Coupang Play.

Negócio entre a Richemont e a Farfetch cai com acordo com grupo sul-coreano

Pouco tempo depois do anúncio da empresa sul-coreana, a suíça Richemont emitiu um comunicado na área de investidores, onde explica que o negócio com a Farfetch não vai avançar. A empresa de José Neves tinha anunciado em agosto de 2022 a intenção de ficar com a participação de 47,5% no capital da Yoox Net-a-Porter (YNAP), que pertencia à Richemont.

Dados os planos da Coupang para comprar a Farfethc, foi anunciado que a “Richemont, Farfetch e a Symphony Global”, a última o terceiro vértice do negócio, terminaram o acordo.

Tal como já tinha dito num comunicado no fim de novembro, a Richemont lembrou que “não tem obrigações financeiras para com a Farfetch”, reiterando que não tem planos para fazer empréstimos ou investir na companhia. Agora, o grupo suíço diz que vai “reavaliar as opções para que a YNAP possa tirar partido dos seus pontos fortes e de uma potencial nova liderança”.

Conselho de administração lamenta que “não tenha sido possível assegurar” continuidade em bolsa

A plataforma de comércio eletrónico de luxo explica no seu comunicado que a Farfetch Limited — a empresa que é cotada em bolsa — fez com os seus conselheiros financeiros um “processo aprofundado e extenso para assegurar liquidez adicional” para esta entidade e as respetivas subsidiárias. É dito que “sem este tipo de liquidez” não seria possível continuar.

Ainda assim, o conselho de administração diz estar “desapontando com o processo” já que não foi possível encontrar uma solução “que permitisse à Farfetch Limited, a entidade cotada” manter-se em bolsa. “No entanto, o ‘board’ está satisfeito por a FF PLC [o grupo Farfetch] ter conseguido assegurar com sucesso uma solução que permite dar continuidade às operações e ao negócio e que permite continuar a servir uma rede de marcas, boutiques e consumidores” que dependem do marketplace da companhia.

Com os desenvolvimentos recentes o conselho de administração da Farfetch ficará apenas com uma pessoa: José Neves. É anunciada a saída de Dana Evan (partner da Icon Ventures), David Rosenblatt (CEO da 1stdibs), Diane Irvine (antiga CEO da Blue Nile), Gillian Tans (que foi ‘chairwoman’ da Booking.com), Stephanie Horton (investidora e especialista em marketing) e Victor Luís (especialista em moda de luxo).

É dito que a saída dos membros independentes “não resulta de qualquer tipo de desacordo com a Farfetch Limited ou as suas operações, políticas ou práticas”.