O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, reconheceu esta quarta-feira, no parlamento, que apesar das melhorias no combate à criminalidade, mantém-se a preocupação com os crimes de rapto que assolam o país.

“Apesar destes avanços, continuam a preocupar-nos os casos de raptos, mesmo com registo de redução em seis, contra 12 casos registados em igual período de 2022”, afirmou o chefe de Estado, no habitual discurso anual sobre o estado da nação, na Assembleia da República, em Maputo.

“Desses casos, foram esclarecidos quatro ligados ao crime de rapto, foram detidos 31 indivíduos, os mesmos envolvidos em raptos anteriores, tendo também sido detido um mandante na República da África do Sul, no âmbito da cooperação judiciária entre as autoridades dos dois países”, acrescentou Nyusi.

A cidade de Maputo vive há algumas semanas uma nova onda de raptos, sobretudo de empresários, com registo de dois luso-moçambicanos visados em pouco mais de um mês e suspeitas de envolvimento de agentes ligados à investigação policial neste tipo de crime.

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O Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) português confirmou anteriormente à Lusa que o Consulado-Geral de Maputo estava a acompanhar a tentativa de rapto de um cidadão luso-moçambicano, ocorrida em 17 de novembro, o segundo caso num mês.

“O Consulado-Geral em Maputo acompanha a situação da tentativa de rapto de um cidadão luso-moçambicano. As autoridades moçambicanas tomaram conta da ocorrência”, referiu fonte oficial do MNE, em resposta a uma pergunta da Lusa.

Um comerciante luso-moçambicano foi ferido a tiro por desconhecidos que o tentaram raptar, no centro da cidade de Maputo, crime frustrado graças à intervenção da população.

“Quatro homens munidos com uma pistola e uma arma AKM tentaram raptar um comerciante ao princípio da noite de segunda-feira [27 de novembro], na cidade de Maputo, e perante a resistência da vítima e a intervenção de populares, acabou baleado na perna”, disse Leonel Muchina, porta-voz da polícia na capital de Moçambique.

O rapto foi impedido por populares, que arremessaram pedras contra os autores do crime, tendo estes fugido, acrescentou Muchina.

Num outro caso, um grupo de três homens armados raptou na manhã de dia 1 de novembro uma jovem luso-moçambicana de 26 anos, quando esta saía da sua casa em Maputo, cerca das 07h50 locais (05h50 em Lisboa), com a intenção de se dirigir a um ginásio, segundo o porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM), Lionel Muchina, em declarações à Lusa no dia do rapto.

“A situação está a ser acompanhada através dos postos diplomáticos e consulares em Maputo, que estão em contacto com a família”, disse anteriormente fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros à Lusa.

Neste caso, a jovem luso-moçambicana permanece em cativeiro até hoje.

No final do mês passado, seis pessoas foram detidas por alegada participação numa tentativa de rapto do empresário moçambicano Juneid Lalgy, no dia 08 de novembro, avançou anteriormente o Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic).

O porta-voz do Sernic na província de Maputo, Henrique Mendes, disse que os seis homens simularam um acidente de viação para abalroar a viatura de Lalgy e tentar raptar o empresário.

No dia 17 de novembro, um empresário moçambicano ligado ao ramo automóvel foi raptado por homens desconhecidos na cidade de Maputo.

A Confederação das Associações Económicas (CTA), a maior associação patronal do país, defendeu no início de novembro, face a esta nova onda de casos, penas de prisão “mais severas” contra raptores e sem possibilidade de pagamento de caução para travar estes crimes.