“Club der Roten Baender”, em alemão, “Red Bracelets”, em inglês, “Braceletes Vermelhas”, em português. O nome é sui generis (tal como a mente por detrás da produção da mesma), mas foi suficientemente cativante para, em 2018, receber o Emmy de Melhor Série para Crianças. A história conta a vida de seis adolescentes no hospital a lutar pela vida enquanto sofrem com as paixões próprias da idade. Um dos produtores foi Bernd Reichart que, apesar de até há pouco tempo ninguém o associar ao futebol, está a realizar um filme de desporto chamado Superliga.

Bernd Reichart é o CEO da A22 Sports Management, a empresa que está a orquestrar a criação da Superliga Europeia. “Conquistámos o direito a competir. O monopólio da UEFA acabou. O futebol está livre. Os clubes são, agora, livres da ameaça de sanções e livres para determinar os seus próprios futuros. Para os adeptos: propomos a transmissão grátis de todos os jogos da Superliga Europeia. Para os clubes: estão garantidas receitas e gastos solidários”, congratulou-se o alemão de 49 anos quando o Tribunal de Justiça da União Europeia decidiu declarar que houve abuso de poder por parte da UEFA e da FIFA quando se opuseram à criação da prova.

O empresário começou a vida profissional na área do marketing desportivo numa empresa sediada em Hamburgo chamada UFA Sports. Mais tarde, Bernd Reichart mudou-se para Espanha onde começou a realizar os primeiros negócios com o Real Madrid, clube que atualmente, a par do Barcelona, está na linha da frente para a tentativa de implementação da Superliga. A partir daí, Reichart estabeleceu-se na área dos media, primeiro na Atresmedia, onde esteve responsável por gerir cinco canais de televisão e, mais tarde, de regresso à Alemanha, na RTL Deutschland onde produziu a série com a qual ganhou um Emmy.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A guerra acabou. União Europeia aprova criação da Superliga Europeia e considera “ilegal” oposição da UEFA e da FIFA

Bernd Reichart foi nomeado CEO da A22 Sports Management com “o foco inicial” de ter “um diálogo ativo e alargado com um grupo abrangente de intervenientes no futebol, incluindo clubes, jogadores, treinadores, adeptos, meios de comunicação social e intervenientes políticos” para “facilitar o desenvolvimento de um modelo desportivo sustentável para as competições europeias de clubes que reflita os melhores interesses mútuos e de longo prazo dos adeptos e da comunidade futebolística em geral”, de acordo com o comunicado divulgado pelo Barcelona em julho de 2022, 

“O futebol não está à venda” e “nada pode mudar isso”: Ceferin diz que o futebol europeu está protegido “de projetos separatistas” 

Neste momento, o modelo de Superliga proposto pela A22 Sports Management sugere um modelo competitivo com 64 equipas com três divisões (Star, Gold e Blue) com promoções e despromoções. Cada equipa realizaria 14 jogos por época (sete em casa e sete fora). A prova contaria com uma fase em formato campeonato e, posteriormente, as equipas qualificar-se-iam para o playoff. A A22 propõe também que todos os jogos sejam transmitidos gratuitamente. Além disso, a empresa garante que a Superliga se baseia no mérito.

“O futebol europeu de clubes não está a explorar o seu potencial e a maioria dos clubes está no vermelho. Há um consenso entre muitos clubes de que as coisas não podem continuar assim”, afirmou Bernd Reichart numa entrevista ao Die Welt. “O nosso objetivo é conversar com os clubes sobre uma competição que seja mais atrativa, mais divertida, mais emocionante, mais justa e mais económica. Caso contrário, o futebol vai perder a sua posição de liderança no desporto e perderá cada vez mais jovens adeptos. Os números de audiência televisiva falam por si”.

Uma decisão “histórica” ou uma “não questão”? As perguntas e respostas sobre uma Superliga Europeia que ressuscitou renovada