Funcionários do Ministério dos Transportes do Japão inspecionaram esta quinta-feira a sede da Daihatsu, no âmbito de uma investigação aos resultados falsificados de testes de segurança e de emissões do fabricante automóvel.
A investigação começou um dia depois de a subsidiária da gigante japonesa Toyota ter suspendido todas as vendas por ter detetado informações manipuladas referentes a décadas de testes, desde 1989.
A Daihatsu tomou esta decisão depois de receber os resultados de uma investigação externa que identificou informações manipuladas em 25 tipos de testes a que foram submetidos modelos de veículos.
“Iniciámos a nossa inspeção in loco para verificar a veracidade dos elementos do relatório apresentado pela Daihatsu e a possível presença de outras irregularidades”, disse um responsável do Ministério à agência de notícias France-Presse.
“Antes de tomarmos decisões administrativas, devemos apurar os factos”, acrescentou Nobuhito Kiuchi, especificando que esta fiscalização vai continuar pelo menos até ao início de 2024.
“É extremamente lamentável”, disse o porta-voz do governo japonês, que pediu ainda aos dirigentes da Daihatsu para explicarem de forma transparente a situação.
“Isso prejudicou a confiança dos proprietários de automóveis e abalou os alicerces do sistema de certificação automóvel”, lamentou Yoshimasa Hayashi.
Numa conferência de imprensa, na quarta-feira, o presidente da Daihatsu lamentou “ter traído a confiança” dos clientes e reconheceu que a fraude nos testes e procedimentos punha em causa os certificados de segurança.
“Levamos isso muito a sério como um problema que abalou os alicerces de um fabricante automóvel”, garantiu Soichiro Okudaira.
Um advogado e membro da equipa de investigação Makoto Kaiami disse, também na conferência de imprensa, que a administração da empresa devia assumir a culpa, por colocar “pressão extrema” nos trabalhadores para cumprir prazos “excessivamente apertados e rígidos”.
As irregularidades afetam 64 modelos Daihatsu e três motores de veículos, incluindo 22 modelos e um motor comercializado com a marca Toyota, assim como outros fabricados para as marcas Mazda e Subaru, de acordo com um comunicado divulgado pela Toyota.
Em abril, a Daihatsu reconheceu a existência de irregularidades nos dados de segurança enviados aos reguladores sobre os testes de colisão em quatro modelos, relativos a um total de 88 mil veículos fabricados na Tailândia e na Malásia em 2022 e 2023.
A Daihatsu é uma das maiores fabricantes de pequenos veículos ligeiros, muito populares no Japão e nos países do Sudeste Asiático.
Também esta quinta-feira, a Toyota anunciou a recolha nos Estados Unidos de quase um milhão de automóveis de seis modelos da marca e de vários modelos da Lexus, devido a um possível defeito num sensor no sistema de airbag.