Foi um encontro que demorou quase duas horas. O chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, esteve reunido, esta sexta-feira, com o líder da oposição, Alberto Núñez Feijóo, numa altura em que existe um clima tenso entre os dois, principalmente pela lei da amnistia aos independentistas catalães. Esse não foi, contudo, o motivo que juntou o socialista e o popular. Foi antes a renovação do Conselho Geral do Poder Judicial (CGPJ), que está à espera de ser modificado desde 2019.
Enquanto líderes dos dois maiores partidos espanhóis, o PSOE e o PP não chegam a acordo sobre de que forma é que deve ser feita essa renovação. Ora, no encontro desta sexta-feira, as discórdias mantiveram-se. Mas houve um avanço: Alberto Núñez Feijóo e Pedro Sánchez concordaram que a Comissão Europeia deve mediar um possível acordo.
Em declarações aos jornalistas após o encontro, Alberto Núñez Feijóo, citado pelo El País, assinalou que o encontro “correspondeu às expectativas”: “Esperava-se muito pouco e conseguimos pouco“. “Fomos à reunião por responsabilidade perante os espanhóis”, disse o líder do Partido Popular, que reconheceu que se atingiu apenas o “mínimo” para “garantir negociações com o governo”.
O líder do PP justificou a mediação da Comissão Europeia, porque o partido não confia no que “pretende fazer” o governo com a renovação do poder judicial. “Tem de haver uma renovação do CGPJ e todas as garantias da independência”, explicou Alberto Núñez Feijóo, que esclareceu que os populares ficam mais tranquilos se Pedro Sánchez tiver de “cumprir as exigências da Comissão Europeia”.
Uma pessoa “adequada” sugerida por Alberto Núñez Feijóo para mediar esta renovação é o comissário europeu para a Justiça, Didier Reynders. “Já sondámos discretamente a Comissão e disseram-nos que estariam dispostos a supervisionar”, assegurou o líder da oposição espanhola. “Estão de acordo a monitorizar e a seguir as negociações.”
Noutro tema, Alberto Núñez Feijóo voltou a falar sobre a amnistia na reunião com o chefe do governo espanhol. O líder popular entregou ao socialista um documento com “10 ou 11 pontos”, cujo primeiro item consiste na “igualdade entre todos os espanhóis”, o que implicava que Pedro Sánchez recuasse na lei da amnistia. “Pedi-lhe para que não fosse avante e ele disse-me que não, que continuar, mesmo que à margem da Constituição”, lamentou o popular.
Por sua vez, Pedro Sánchez não compareceu aos jornalistas e não é conhecida, para já, uma reação dos socialistas ao encontro com Alberto Núñez Feijóo.