O presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, acusa Lucília Gago de ter uma “cultura pouco democrática“. Em causa está a forma como a Procuradora Geral da República tem defendido o Ministério Público na Operação Influencer e defende que “discordar mais” só melhora a democracia.

Em entrevista à Antena 3, no programa Não Podias — que integra as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril –, e que juntou o presidente da Assembleia da República e uma ativista climática sob o mote “não podias discordar”, Augusto Santos Silva diz que “a questão da liberdade de discordância é atualíssima”, numa referência ao processo que levou à demissão de António Costa.

O presidente da Assembleia da República, que tem criticado a forma de atuar do Ministério Público sobre a classe política, considera que “a resposta da mais alta autoridade do Ministério Público tem sido ‘estão a atacar o Ministério Público‘”, considerando que “isto é uma cultura pouco democrática” e ainda acrescenta “estou a deixar um pequeno silêncio para toda a gente perceber o que estou a dizer”.

Santos Silva atira-se ao Ministério Público. “Há uma certa atitude de que os políticos são suspeitos por natureza”

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Santos Silva diz logo de seguida que a falta de cultura democrática só se pode combater “com mais democracia, discordando mais” e em resposta a uma questão sobre o tom dessa discordância diz apenas que “não é preciso subir [o tom]. Basta discordar”.

Nesta entrevista, o número 2 na hierarquia do Estado, revela ainda que não conversou com Marcelo Rebelo de Sousa sobre a decisão de dissolver a Assembleia da República e que a opinião contrária a essa decisão foi transmitida apenas na reunião do Conselho de Estado.

Já sobre a relação que tem tido com o Chega e o crescimento do partido liderado por André Ventura, Santos Silva diz que “não se deve sobrevalorizar o que o eleitorado valorizou de forma pouco significativa” e que “é um erro pensar que esses 12 deputados são mais do que 12”, referindo-se à bancada do Chega.

Num programa partilhado com Joana Guerra Tadeu, ativista climática, Santos Silva deixa também reparos às ações que o movimento climático tem tido, recusando “paternalismos ou condescendências”, mas avisando que “antigamente atacávamos símbolos e não pessoas” e confessando ainda que os que mais critica são “os que atiram tintas aos quadros”.