A nova empresa de transportes da Área Metropolitana do Porto (AMP) deverá contar com cerca de 60 trabalhadores, dos quais três administradores, de acordo com um estudo económico-financeiro a que a Lusa teve acesso.
Segundo o estudo que sustenta a criação da Transportes Metropolitanos do Porto (TMP), nome da empresa cuja criação está atualmente num impasse político devido a divergências entre a Câmara do Porto e a AMP, “em termos previsionais, foi considerado um quadro médio de pessoal com 60 colaboradores”.
A empresa deverá integrar as valências do TIP — Transportes Intermodais do Porto, o agrupamento complementar de empresas (ACE) que gere o sistema Andante (participado em igual percentagem – 33,3% – pela CP, Metro do Porto e STCP) , e as competências da AMP em termos de mobilidade e transportes.
“Aquando da constituição da TMP, o quadro de pessoal será composto pelos funcionários do TIP [Transportes Intermodais do Porto] (atualmente em número 13, cedidos pelos membros do ACE e a que acrescem 20 colaboradores subcontratados e alocados às lojas Andante), pelos funcionários da AMP essencialmente alocados à atual área de mobilidade e transportes (7) e por novas contratações que possam ocorrer, incluindo para os órgãos sociais”, pode ler-se no estudo.
De acordo com o documento, “o quadro de pessoal foi construído tendo por base comparativa as atuais empresas municipais, atendendo igualmente ao volume de negócios e responsabilidades a assumir pela TMP”.
A empresa deverá ser liderada por um Conselho de Administração de três elementos, suportada por um gabinete financeiro de quatro e um jurídico de três, seguindo-se na hierarquia os departamentos de Administração Geral (sete pessoas), Estudos e Planeamento (oito), Gestão dos Contratos (sete) e Gestão da Operação (28).
A constituição da Transportes Metropolitanos do Porto vai ainda implicar a criação de dois órgãos consultivos: o Conselho de Mobilidade Metropolitana e o Conselho Consultivo das Tecnologias para a Mobilidade.
O estudo economico-financeiro estima que a empresa, que irá gerir a rede Unir e a bilhética Andante, tenha 66 milhões de euros de receitas em 2024 (dos quais 33,8 milhões de bilhética e 23,1 milhões de subsídios à exploração), um número que deverá subir para 74,9 milhões em 2028 (39,7 milhões de bilhética e 24,4 milhões de subsídios).
Quanto a gastos, o estudo prevê que deverão chegar aos 64,6 milhões em 2024, a maioria dos quais referentes aos pagamentos aos operadores dos cinco lotes da rede Unir (61,4 milhões). O valor deverá subir para os 73,7 milhões de euros em 2028 (dos quais 70 milhões da rede Unir).
O estudo prevê que, de 2024 a 2028, a TMP dê lucros de 16 mil, 39 mil, 60 mil, 73 mil e mil euros, respetivamente.
O capital social da empresa será de dois milhões de euros, repartidos pelos 17 municípios da AMP.
Na quinta-feira, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, disse que a AMP poderá avançar sem o Porto para a nova empresa de transportes, já depois de, em 18 de dezembro, ter retirado da reunião de câmara uma proposta de aditamento ao contrato interadministrativo de delegação de competências de transportes na AMP e na futura empresa.
Porto admite ficar de fora da futura empresa metropolitana de transportes
Ao jornal Público, o gabinete de imprensa da autarquia referiu que, sem essa proposta aprovada, “não pode o TIP ser dissolvido, porque o município do Porto não aprova, de raiz, a empresa metropolitana de transportes”.
A AMP já gastou mais de 62 mil euros na criação da futura empresa de transportes, 27,5 mil dos quais destinados à F9 Consulting, para estudos de viabilidade económico-financeira e integração do TIP na nova estrutura, bem como 34,9 mil euros em assessoria jurídica prestada pela Sérvulo e Associados.
Segundo a lei, a empresa poderá gerir “frotas, equipamentos, parques de máquinas, oficinas, terminais e interfaces de transportes”, bem como o “desenvolvimento, gestão e exploração de estacionamento e de quaisquer soluções de mobilidade urbana”.