Depois de tantos presentes envenenados antes do Natal na Premier League por culpa própria, o Manchester City encontrou a redenção para os sucessivos deslizes no Campeonato quando viajou até à Arábia Saudita e conquistou o Mundial de Clubes após golear o Fluminense. Estranho? À partida sim, tendo em conta que são competições diferentes, mas enquanto o conjunto de Pep Guardiola fechava uma temporada de ouro com o único troféu que ainda estava em falta, os principais adversários em Inglaterra iam perdendo pontos entre si ou em surpresas inesperadas no Boxing Day. Contas feitas, e apesar de ter atravessado uma série com uma vitória em seis encontros, a vitória dos citizens com o Everton e Liverpool colocava a liderança apenas a dois pontos em caso de triunfo com o Sheffield United. Era aí que estava o foco para o virar de página.

Ainda estamos em 2023 e eles só sabem ganhar outra vez: Manchester City goleia Fluminense e conquista Mundial de Clubes

“Adorávamos estar a ganhar por 4-0 aos 20 minutos mas isso é a Disneyland. No futebol real acontece o que sucedeu diante do Crystal Palace, em que não conseguimos ganhar [2-2]… Lembro-me de quando vínhamos no avião de volta da Arábia Saudita. Estava sentado no meu lugar e comecei a ouvir os jogadores a falar sobre o Everton. Há três dias já estavam a falar no Everton e eu pensei ‘wow, esta é a minha equipa’. Eles sabem o quão difíceis de bater as equipas são aqui, o quão especial é o seu jogo, por isso tens de controlar muitas coisas. Depois de tantos anos, ainda temos o mesmo sentimento de querer outra vez. Quando ganhas muito, a tendência é começar em queda. Aliás, esta época já tivemos alguns problemas, em jogos que estivemos bem e não conseguimos ganhar”, destacou após o triunfo com reviravolta com os toffees.

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No entanto, e apesar dessa vitória importante até pelos contornos com que chegou, a perder por 1-0 no final da primeira parte contra uma equipa que com Sean Dyche nunca tinha perdido após marcar primeiro, os últimos dias acabaram por ficar marcados pela notícia do assalto à casa de Jack Grealish durante esse mesmo encontro quando a família estava na habitação, entre mulher, pais, avós e irmãos, tendo os ladrões levado um total superior a um milhão de euros em relógios e joalharia. “Eles têm seguranças, mas infelizmente isso já aconteceu muitas vezes. Aos jogadores do United também. Sei que na Catalunha, onde vive a minha família, acontecem muitas coisas. Hoje em dia é preciso ter cuidado, não podem mostrar muito nas redes sociais. Quanto menos souberem o que estamos a fazer, melhor”, comentou o treinador espanhol.

Apesar desse susto, o internacional inglês manteve-se como titular do Manchester City para o último jogo do ano, com Guardiola a fazer apenas duas alterações com as saídas de John Stones (lesionado) e Matheus Nunes (opção) para as entradas de Gvardiol e Kovacic. Foi mais do que suficiente para mais uma vitória tranquila que coroou o melhor ano de sempre do clube com as conquistas de Premier League, Taça de Inglaterra, Liga dos Campeões, Supertaça Europeia e Mundial de Clubes. Tão ou mais importante, houve um sexto “troféu” a desfilar de novo pelo campo. Após fazer apenas 23 minutos da vitória inicial com o Burnley, Kevin de Bruyne regressou à ficha de jogo, ainda esteve em exercícios de aquecimento sem entrar quando o resultado estava feito mas promete ser o grande reforço de janeiro para os próximos títulos em 2024.

Cedo ficou a ideia de que a partida no Etihad Stadium seria mais do mesmo em relação ao que se tem visto nos últimos encontros contra equipas que não estão a discutir o título: controlo total do Manchester City, um meio-campo onde tudo acontece e outro que serve para bombear umas bolas na profundidade e pouco mais, criação de oportunidades consoante a velocidade e mobilidade das unidades da casa. E se muitas vezes esses predicados promovem golos através da rotação da bola, noutras bastam os movimentos para estender a passadeira como aconteceu no 1-0 de Rodri, que foi ganhando metros perante a preocupação do Sheffield em travar todos os espaços para um eventual passe e rematou rasteiro para o primeiro golo (14′). Julian Álvarez, num desvio de cabeça após cruzamento de Bernardo Silva, ainda ameaçou o segundo, Bernardo Silva viu Wes Foderingham desviar um remate para canto, Kyle Walker tentou a meia distância a rasar o poste mas a vantagem mínima iria manter-se até ao intervalo e sem grandes oportunidades de golo.

Guardiola mexeu logo ao intervalo na equipa, com a nova coqueluche Oscar Bobb a entrar para o lugar de Jack Grealish, mas o momento do segundo golo do jogo mantinha-se adiado. Por um lado, e apesar de uma oportunidade em que Phil Foden ainda passou Foderingham mas já não conseguiu desviar para a baliza, o Manchester City continuava a enfrentar dificuldades para furar a muralha contrária. Por outro, e mesmo em desvantagem, o Sheffield não mostrava nada de novo para tentar algo mais que não fosse perder por poucos entre os meros 18% de posse aos 60′. Foi isso que quase “convidou” os citizens para abrirem o livro, com Bobb a encontrar Foden na desmarcação de rutura antes da assistência para o 2-0 de Álvarez que fechou de vez as contas em relação ao vencedor (61′). Depois, foi ver passar os minutos e esperar que surgisse o grande momento que todos esperavam: De Bruyne saiu para aquecimento com direito a ovação de pé, acabou por não somar qualquer minuto mas mostrou que está prestes a voltar a espalhar magia em campo.