O Presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, recusou esta terça-feira dar o seu aval a uma investigação internacional sobre as alegadas irregularidades nas eleições legislativas e autárquicas de 17 de dezembro, como têm reclamado a oposição e várias organizações sérvias.
“As eleições são um assunto para os órgãos e instituições do Estado deste país“, disse Vucic, numa conferência de imprensa em Belgrado, citado pela agência noticiosa sérvia Tanjug.
Respondendo a uma pergunta sobre as exigências que a oposição tem feito diariamente com protestos nas ruas da capital sérvia, Vucic acusou os observadores estrangeiros de só terem criticado o processo eleitoral depois de constatarem a vitória do seu partido e a derrota da oposição, quando pouco antes teriam confirmado por escrito a regularidade do escrutínio.
Protestos na Sérvia contra resultados de eleições que deram vitória ao partido no poder
O Presidente, acusado pelos seus opositores de ser autocrático, afirmou que os “observadores estrangeiros” que constataram irregularidades no processo eleitoral pertenciam a “partidos irmãos” da oposição sérvia e garantiu que, inicialmente, “assinaram a ata” confirmando a regularidade do escrutínio.
“Ocorreu-lhes que havia problemas quando viram que eles [a oposição] tinham perdido em Belgrado, e de forma convincente. Não há novos Gonzalez e outros truques“, declarou o Presidente sérvio.
Vucic aludia ao papel desempenhado em 1996 pelo antigo primeiro-ministro espanhol Felipe González (socialista) à frente de uma missão da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) que mediou um conflito entre o governo de Slobodan Milosevic e a sua oposição política devido a acusações semelhantes de fraude eleitoral.
A coligação da oposição “Sérvia Contra a Violência” (SPN), a influente iniciativa cívica ProGlas (“ProVoto”) e mais de 20 organizações não-governamentais (ONG) sérvias têm protestado quase diariamente contra a alegada fraude eleitoral.
Exigem a anulação e a repetição das eleições, bem como uma investigação internacional independente sobre as irregularidades que denunciam, bem como as registadas pelos observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), do Parlamento Europeu, da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa e da ONG Transparência Internacional.