O presidente da Área Metropolitana do Porto (AMP) rejeitou esta quarta-feira que a criação da empresa metropolitana de transportes seja uma moeda de troca para a aprovação das obras no Coliseu do Porto, rejeitadas por alguns municípios, disse à Lusa.

“O que eu quero, como é evidente, e não perdi a esperança, é que haja financiamento para o Coliseu, e que a questão dos transportes não seja moeda de troca”, disse à Lusa Eduardo Vítor Rodrigues.

O também presidente da Câmara de Gaia explicou esta quarta-feira que tem de gerir o dossiê dos impasses criados em torno das obras do Coliseu, na sequência de uma rejeição de sete municípios da AMP de apoio ao seu financiamento, e da criação da empresa metropolitana de transportes, da qual o Porto já admitiu ficar de fora, “de uma forma o mais cuidada possível“.

“Não é chantageando os colegas que vou conseguir alterar posições. Não estou nessa posição. Se eu não fosse presidente da Área Metropolitana, podia fazer isso. Não estou nessa posição, porque ninguém gosta de ser chantageado“, frisou.

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Para Eduardo Vítor Rodrigues, o seu papel é “trabalhar e ver se durante o mês de janeiro/fevereiro conseguimos fechar um acordo”, manifestando-se “otimista” quanto a esse desfecho.

No dia 15 de dezembro, sete dos 17 municípios da AMP votaram contra a proposta de comparticipação para as obras reabilitação do Coliseu do Porto, cujo apoio tinha sido aprovado por “unanimidade dos presentes” numa reunião de trabalho do Conselho Metropolitano do Porto a 20 de outubro.

Três dias depois, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, afirmou que não iria viabilizar a empresa metropolitana de transportes, afirmando que o município iria avaliar as propostas com caráter metropolitano que impliquem comparticipações monetárias “uma a uma” e pôr de parte a “solidariedade metropolitana”, salvaguardando, porém, que isso não significava deixar de colaborar com a AMP.

Três dias depois, Rui Moreira admitiu que a futura empresa metropolitana de transportes pode avançar sem o Porto, advogando que “a partir do momento em que há veto na Área Metropolitana, imagine-se o que é, numa empresa dessas, haver veto relativamente ao Andante ou à distribuição de resultados”.

Ao jornal Público, o gabinete de imprensa da autarquia referiu que, sem a aprovação camarária, “não pode o TIP [Transportes Intermodais do Porto, absorvido pela nova empresa] ser dissolvido, porque o município do Porto não aprova, de raiz, a empresa metropolitana de transportes”.

Questionado sobre se o Porto já ficou de fora da empresa, Eduardo Vítor Rodrigues disse esta quarta-feira que “neste momento, não houve nenhuma alteração formal”, admitindo que “no calor do debate tenha vindo essa questão à discussão”.

“É um processo negocial difícil, que ainda por cima tem todo este ruído de ataques e contra-ataques”, disse Eduardo Vítor Rodrigues à Lusa, lamentando que se confunda o presidente da AMP com “o ataque que tem sido muito direcionado aos autarcas da área metropolitana que votaram contra” as obras no Coliseu, no caso Arouca, Espinho, Valongo, Oliveira de Azeméis, São João da Madeira, Santa Maria da Feira e Vale de Cambra.