Trinta e cinco pessoas em situação de sem-abrigo pernoitaram na noite passada no Pavilhão Municipal Casal Vistoso, em Lisboa, um número abaixo das 100 camas disponíveis, estando previsto que o serviço se mantenha até domingo.

Em declarações à agência Lusa, o coordenador do Núcleo de Planeamento e Intervenção Sem-Abrigo (NPISA) de Lisboa adiantou que, na primeira noite de ativação do plano de contingência para pessoas em situação de sem-abrigo, 44 pessoas dirigiram-se ao Pavilhão Casal Vistoso e que, destas, 35 pernoitaram.

“As restantes foram encaminhadas para outras respostas de transição ou de caráter mais definitivo”, disse Paulo Santos.

O responsável explicou que quando as pessoas chegam ao pavilhão passam por uma triagem ao nível da saúde, podendo fazer vacinação contra a gripe ou Covid-19 ou rastreios de doenças infetocontagiosas, e depois seguem para o atendimento social, “a parte mais importante deste processo”, como apontou, que é feito entre a Câmara Municipal de Lisboa e a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“O que é feito é um bocadinho o perfil da pessoa, o seu histórico, a sua situação, a sua necessidade e consoante aquilo que for esse atendimento é tomada uma decisão, em parceria com a pessoa, em que ou pernoita neste local ou é encaminhada para uma situação mais definitiva”, apontou.

Foi o que aconteceu a nove das pessoas que procuraram o Casal Vistoso, que foram posteriormente encaminhadas para respostas mais definitivas, como um centro de acolhimento, por exemplo.

Segundo o responsável, o perfil das pessoas que procuraram o pavilhão é maioritariamente homens, com idades entre os 45 e os 64 anos, mais de metade imigrantes, tendo havido um grupo de cidadãos timorenses que dormiu nas instalações.

No local, além dos cuidados de saúde, as pessoas sem-abrigo têm acesso a alimentação, nomeadamente o jantar ou ceia e o pequeno-almoço, bem como acesso a balneários e distribuição de roupas.

Paulo Santos apontou que se trata de uma resposta “bastante flexível”, apontando que está disponível também para casais e pessoas que tenham animais de companhia.

O responsável disse que estão atualmente montadas 100 camas, mas que é possível aumentar o número até 150, apontando como normal o facto de apenas 35 pessoas terem dormido no local, apontando no primeiro dia “é sempre assim” e que as equipas de rua fazem rondas pela cidade para dar a conhecer o serviço.

Paulo Santos referiu que este serviço deverá manter-se em funcionamento até domingo, tendo por base avaliação constante que é feita entre a Proteção Civil e o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

A diretora do Serviço Municipal de Proteção Civil, Margarida Castro Martins, corroborou e lembrou que, apesar de os critérios para ativar o plano de contingencia não estarem reunidos, a opção foi por abrir o pavilhão à população sem-abrigo tendo em conta a sensação térmica.

Apontou que na noite de domingo para segunda o pavilhão ainda estará em funcionamento, mas a expectativa é que a partir de segunda-feira, dia 15, já não seja necessário dada a previsão de aumento de temperatura.

“Nessa altura faremos então a nossa proposta técnica ao senhor presidente [Carlos Moedas], que depois decidirá pela continuidade ou não do centro”, referiu Margarida Castro Martins.