A Taça de Portugal é uma competição de aqui e agora. Quem não estiver pronto no momento certo corre o risco de ser eliminado. Nesse sentido, em teoria, uma das equipas entrava no clássico com os chacras mais bem alinhados para evitar o desaire. O FC Porto sem alterações no plantel defrontava no Dragão Arena, nos quartos de final da competição, um Sporting ainda em desenvolvimento e longe de ter atingido o ponto mais alto de maturidade.

O percurso mais regular dos dragões tem impacto direto nos resultados. Os azuis e brancos, treinados por Fernando Sá, chegavam ao clássico depois de uma vitória frente ao Gottingen para a FIBA Europe Cup, consolidando um percurso europeu de excelência que tem acontecido lado a lado com uma campanha interna onde o FC Porto só perdeu por uma vez.

O Sporting tem sido mais periclitante. Desde a derrota com o Imortal para o campeonato, onde, além do desaire, a equipa sofreu 104 pontos, que se acionou o botão de emergência Ken Horton e Tyere Marshall deixaram a equipa e chegou Marvin Clark, que no ano passado alinhou no FC Porto. Por estes dias é então altura de colar a nova peça, processo que leva o seu tempo e que fez os leões viajarem até ao norte com uma derrota frente ao Légia Varsóvia, também para a FIBA Europe Cup, na bagagem. A Taça de Portugal servia também para avaliar a evolução.

“Os objetivos são claros e são sempre os mesmos: ganhar. Quem está no Sporting quer ganhar sempre, lutar por todos os troféus, sabendo que é difícil e que nem sempre fomos favoritos, mas a nossa ambição é sempre a de ganhar e preparamo-nos sempre para ganhar”, disse Pedro Nuno Monteiro, treinador dos leões. “Será um FC Porto semelhante ao que jogou aqui para o campeonato. Uma equipa atlética, com muita qualidade individual, que resolve muitos problemas individualmente, com o Cat Barber e o Cleveland Melvin”.

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Este era o segundo jogo entre as equipas esta temporada. No primeiro encontro, a contar para o campeonato, o Sporting retirou a invencibilidade do FC Porto nas competições nacionais. “No último jogo, não jogámos bem, apesar de termos lutado. Agora vamos juntar essa resiliência à inteligência e ao plano de jogo, ainda por cima diante dos nossos adeptos, que intimidam os adversários, algo que adoramos”, admitiu o base dos dragões, Charlon Kloof. “As nossas expectativas passam sempre por ganhar. É para isso que trabalhamos e é esse o objetivo. O treinador pediu-nos para nos mantermos focados e fiéis ao plano de jogo porque eles são muito caóticos na forma de jogar, mas nós temos de nos manter sólidos para conseguirmos vencer”.

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Como habitual, Pedro Nuno Monteiro não iniciou com o cinco mais forte do Sporting, fazendo Eddie Ekiyor esperar pela rotação para entrar em quadra. O FC Porto, que deixou Aaron Harrison de fora dos convocados, entrou com tudo. Os dragões começaram as substituições tarde no primeiro período para tentar contrariar um Sporting que entrou melhor. A lei do ex castigou os azuis e brancos. Marvin Clark marcou três triplos (em três tentados) em cerca de seis minutos. Na defesa, os leões priorizaram a proteção da área restritiva, aproveitando a desinspiração dos atiradores contrários.

O Sporting foi em vantagem para o segundo quarto (19-24) ao conseguir penalizar as muitas trocas defensivas do rival, indo com frequência à procura de quem estava a ser defendido por Cat Barber. O FC Porto passou para a frente por força dos ressaltos ofensivos (dez ao intervalo) e por, na defesa, ter envolvido outros jogadores na defesa dos bloqueios diretos, em especial Tanner Omlid, antigo jogador do Sporting, e Charlon Kloof. Os azuis e brancos também escolheram o matchup certo para atacarem. Cat Barber e Charlon Kloof expuseram Marcus LoVett e responsabilizaram-se pela inversão que o resultado sofreu (47-38).

Para contrariar este cenário e aproveitando a paupérrima percentagem de lançamentos exteriores do FC Porto, Pedro Nuno Monteiro trouxe uma defesa zonal para a segunda parte. O Sporting conseguiu abrandar a produção ofensiva dos dragões, mas não foi capaz de contrariar a competente exibição defensiva dos azuis e brancos liderada por Tanner Omlid que, antes do final do terceiro período (68-56), já tinha garantido um duplo-duplo (terminou com 13 pontos e 13 ressaltos) e desempenhava um papel preponderante para o conforto relativo que a equipa tinha construído.

O Sporting, mesmo tendo visto Marvin Clark ser excluído pelo segundo jogo consecutivo, conseguiu que a defesa zonal começasse a dar os seus dividendos e aproximou-se encostando o resultado a três pontos. Seguiram-se momentos de tensão em que André Cruz somou uma falta anti-desportiva e uma falta técnica em pouco minutos e foi expulso. Nos momentos decisivos, os triplos do FC Porto apareceram para carimbarem a vitória (81-79) e a respetiva passagem à Final Four da Taça de Portugal ainda que, a segundos do cronómetro se esgotar, o Sporting tenha estado a apenas um ponto e com posse de bola para vencer. Ainda assim, os jogadores de Fernando Sá forçaram o turnover. Marcus LoVett e Cleveland Melvin foram os melhores marcadores do encontro com 21 pontos.