A quebra frente à Dinamarca depois de uma primeira parte que fez sonhar, um sonho que foi resgatado ante a Noruega após 40 minutos sem quebras. Portugal entrou da melhor forma na main round do Campeonato da Europa de andebol, derrotando uma das maiores potências da modalidade que foi finalista vencida nos Mundiais de 2019 e 2021 e terceira classificada no Europeu de 2020 e quebrando um jejum de mais de duas décadas diante dos nórdicos. Agora, seguia-se a Eslovénia. E como sonhar ainda não se paga, a Seleção ia tentar prolongar o momento histórico para chegar ao encontro do próximo domingo com a Suécia a depender apenas de si para poder chegar a umas inéditas meias-finais. Mais: um triunfo valia um passo importante no grande objetivo para esta competição, que passava pelo apuramento para o torneio pré-olímpico.

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As contas desse apuramento não são fáceis de fazer mas começavam a ganhar outra forma. Olhando para as 12 seleções presentes nesta fase intermédia do Europeu, Dinamarca e França não contavam porque já têm a entrada direta em Paris-2024 e também Hungria, Suécia, Alemanha e Noruega estão apuradas para esse torneio pré-olímpico. Assim, e entre Croácia (que poderia beneficiar com a conquista da Taça das Nações Africanas pelo Egito), Áustria, Países Baixos, Eslovénia e Islândia, Portugal teria de ficar acima de todos ou, no limite, apenas atrás de um. Tão ou mais relevante do que um possível apuramento para as meias-finais que parece destinado a ficar nas mãos de Dinamarca e Suécia no grupo II, era também essa vantagem que a formação nacional iria tentar ganhar diante dos eslovenos, que perderam por 28-22 frente aos suecos.

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“Nós só conseguimos esta vitória frente à Noruega tendo em conta todas as circunstâncias que vivemos para preparar esta competição e os adversários que temos tido. Só com pessoas deste nível, com a competitividade que eles têm é que nós conseguimos fazer isto. Portanto, só porque temos este tipo de atletas altamente competitivos, estamos a aprender muito também. E se essa aprendizagem se mantiver, é certo que nos voltaremos a apresentar competitivos também contra a Eslovénia. Nós só pensamos na Eslovénia, não pensamos em rigorosamente mais nada”, destacara Paulo Jorge Pereira após o triunfo frente aos nórdicos. “O nosso objetivo está intacto e é esse objetivo que queremos, que é somente atingir o torneio pré-olímpico, está um bocadinho mais perto mas ainda está longe. Portanto, é isso que vamos fazer”, acrescentara o técnico.

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À semelhança do que acontecera com a Noruega, os números históricos não eram os mais inspiradores entre os nove encontros realizados até aqui. No último confronto, por coincidência num Europeu de 2020 onde a equipa nacional alcançou a melhor prestação de sempre (sexto lugar), os eslovenos foram superiores (29-24), sendo necessário recuar até 2011 para encontrar a segunda das duas vitórias de Portugal, nesse caso a contar para a qualificação para o Europeu de 2012. Na Barclays Arena, em Hamburgo, a Seleção apostava forte para inverter essa tendência. Conseguiu. E conseguiu de uma forma que permite não só dar mais um passo para chegar ao pré-olímpico mas também de sonhar com as meias-finais na partida com a Suécia.

O encontro começou a um ritmo de loucos, com seis finalizações e cinco remates certeiros em pouco mais de três minutos com Martim Costa em foco e Salvador Salvador a responder da melhor forma às constantes tentativas de saídas rápidas dos eslovenos quando sofriam golos. Os minutos iam passando com o resultado equilibrado sem qualquer vantagem acima de um golo e com as defesas a assumirem maior protagonismo na partida, não só a condicionarem os primeiras linhas mas também a “fecharem” o jogo com os pivôs. Foi aí que apareceu Gustavo Capdeville, a travar um livre de sete metros e uma situação de 1×0 que permitiu a Pedro Portela fazer o 7-5 aos 12′. Com o guarda-redes nacional com 40% de eficácia, Portugal chegou mesmo a um avanço de três golos a meio da primeira parte (9-6), já com o técnico esloveno a pedir tempo técnico.

Apesar das concretizações nacionais, o problema da Eslovénia passava pelo ataque organizado frente a uma equipa portuguesa que defendia bem e tinha Capdeville ao melhor nível. Foi isso que permitiu que a Seleção chegasse mesmo aos quatro golos de avanço com trabalhos individuais dos irmãos Costa para o 10-6 e o 11-7 antes de mais uma saída rápida com êxito de Salvador Salvador para o 12-8 aos 20′ antes de uma falta gritante não assinalada sobre Martim Costa que permitiu o 12-10 num contra-ataque e o primeiro livre de sete metros não convertido por Pedro Portela. Em pouco mais de três minutos, os eslovenos chegaram ao empate com um parcial de 4-0 travado por Martim Costa (13-12) mas a viragem chegaria a cinco minutos do intervalo, com a Eslovénia a passar para a frente antes da reação nacional para o 18-17 no descanso.

Ainda antes do recomeço, Salvador Salvador voltou mais cedo para ligar a zona do gémeo da perna esquerda, em mais um condicionalismo físico que se vinha juntar aos “toques” de Rui Silva e Luís Frade. Esperava-se uma autêntica “batalha” no segundo tempo, com a Eslovénia a juntar ao favoritismo teórico com que partia para o encontro uma maior disponibilidade física que poderia fazer a diferença. Era uma partida para ser jogada de forma inteligente, quase cirúrgica e a arriscar nas variações defensivas já com Diogo Rêma na baliza (e com Klemen Ferlin a sair do banco para “fechar” a baliza contrária). Os dez minutos iniciais foram confirmando esse equilíbrio, com Portugal a chegar na frente com uma vantagem curta de 24-23 mas com Salvador Salvador a sofrer a primeira exclusão da Seleção no jogo (e só a segunda em 40 minutos).

Esse foi um dos momentos importantes da partida, com o conjunto nacional a conseguir estar dois minutos com menos um sem sofrer e a marcar de ponta com Leonel Fernandes antes de chegar de novo aos quatro golos de avanço antes da paragem técnica dos eslovenos que não impediu uma vantagem inédita de 28-23 com o 11.º golo de Martim Costa… em 12 remates. O desgaste ia começando a fazer-se sentir, com ataques mais previsíveis, com mais erros e a escolher más opções de remate, mas Portugal ia gerindo da melhor forma possível o avanço, entrando nos dez minutos finais a ganhar por 29-25 mas a claudicar em termos ofensivos com Ferlin a voltar a brilhar na baliza para o 30-28 a cinco minutos do fim. Aí, apareceu Rêma. E se até esse momento somava três defesas na segunda parte, conseguiu em quatro ataques seguidos outras tantas intervenções (incluindo um sete metros) que seguraram de vez a vitória de Portugal por 33-30.