Um primeiro teste superado frente à Grécia, um segundo teste também ultrapassado frente à Rep. Checa. Portugal teve alguns períodos mais irregulares no arranque da fase final do Europeu que ainda permitiram que os helénicos chegassem aos últimos 20 minutos dentro do resultado e que os checos se aproximassem na parte final da partida, mas globalmente mostrou na prática o porquê de ser apontado na teoria como favorito nos encontros realizados em Munique, chegando à última ronda da primeira fase a discutir o primeiro lugar do grupo com a Dinamarca e consequente passagem à main round com mais dois pontos.

Todos a Rêma(r) para o mesmo lado: Portugal fica muito perto da Main Round do Europeu de andebol

“Houve uma grande exibição do Diogo Rêma e a defesa também ajudou imenso. Com as ausências de alguns jogadores-chave tivemos que adaptar um pouco e trabalhar um sistema defensivo eficaz. Estamos muito satisfeitos, vamos em frente, seguimos para a main round. Agora temos a Dinamarca e vamos lutar para ir com pontos para a fase seguinte. Decidimos jogar andebol a sério. O Martim Costa foi fantástico mas sempre confiei nele. Não teve um primeiro jogo bem sucedido mas eu conto com ele”, apontou depois do segundo triunfo Paulo Jorge Pereira, selecionador que enalteceu a jovem atuação do lateral do Sporting que terminou com 11 golos frente aos checos depois de uma partida menos conseguida diante dos helénicos.

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O início da odisseia agradou mais aos troianos: Portugal estreia-se a vencer no Europeu de andebol contra a Grécia

Numa competição que tem registado algumas surpresas, seja pelos vencedores dos jogos, seja pelos próprios resultados (alguns exemplos: a Suíça conseguiu empatar com a França, a Croácia ganhou por dez à Espanha e as Ilhas Faroé confirmaram as credenciais de uma geração de ouro conseguindo uma igualdade diante da favorita Noruega), o grupo F, a par do E com Suécia e Países Baixos a ganharem à Geórgia e à Bósnia, fez imperar a lei do mais forte até à decisão da liderança na jornada final. E com a Seleção a ter uma barreira complicada de dobrar frente a uma Dinamarca com quem perdera sempre até aqui, com a última partida entre ambos a ser disputada nos Jogos Olímpicos de Tóquio com triunfo por 34-28 dos nórdicos.

Seleção portuguesa de andebol perde com a Dinamarca por 34-28

Os números jogavam todos contra Portugal no duelo com Mikkel Hansen, Niklas Landin e companhia, na medida em que, confrontos entre ambos à parte, a Dinamarca não perdia um jogo a contar para o Mundial desde janeiro de 2017 quando caiu nos oitavos diante da Hungria, somando a partir daí um total de 28 partidas com 26 vitórias e dois empates que valeram um inédito tricampeonato mundial em 2019, 2021 e 2023, mas continuava à procura de um título europeu que lhe fugia desde 2012 entre um segundo lugar em 2014, um terceiro na última edição de 2022 e um quarto em 2018. Agora, o filme repetiu-se. E com uma “mensagem” para o futuro: se Portugal quiser repetir ou melhorar o sexto lugar conseguido no Europeu de 2020 terá de aproximar-se bem mais do que fez na primeira parte e fugir ao que produziu no segundo tempo.

Com Rui Silva de fora num misto entre gestão e um pequeno problema físico que se podia agravar, Portugal teve um início certinho de jogo mas um remate de Alexandre Cavalcanti à cara de Niklas Landin com sanção de dois minutos iniciou um período em que a Dinamarca fez valer o maior poderio ofensivo e disparou no resultado para quatro golos de vantagem (7-3), o que levou ao primeiro período de paragem técnica de Paulo Jorge Pereira. Com os irmãos Costa em destaque, a Seleção conseguiu encurtar a distância de novo para dois golos (11-9) mas os nórdicos voltaram a disparar numa fase em que os dois conjuntos tinham menos uma unidade em campo, chegando mesmo a 14-9. O encontro podia ter ficado fechado nessa fase mas Portugal voltou a colar para deixar tudo em aberto para o segundo tempo, chegando ao 17-15 ao intervalo com oito golos de Martim e três de Kiko que só não valiam empate porque Nielsen defendeu dois sete metros.

Mesmo entre as dificuldades acrescidas que o encontro iria trazer, Portugal tinha tudo em aberto mas os dez minutos iniciais da segunda parte acabaram por decidir por completo o desfecho da partida, com a equipa da Dinamarca a chegar aos seis golos de vantagem (23-17) que esvaziaram as esperanças nacionais numa surpresa a fechar a primeira fase do Europeu. Ainda assim, esperava-se mais: entre as várias defesas de Landin que terminou com uma percentagem de defesas acima do 40%, Portugal foi somando erros atrás de erros na recuperação defensiva que valeram inúmeros golos fáceis aos nórdicos, numa exibição muito aquém daquilo que a Seleção já produziu neste Campeonato da Europa e que acabou por deixar o resultado com uma margem acima daquilo que é nesta altura a real diferença entre as seleções (37-27).